Na Linha do Sofrimento

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Werner Bischof saiu da sua riquíssima Suíça para encontrar na pobreza da Índia motivo para Arte e alerta. A esta fotografia chamou «Anjo Caído». Porquê? Onde se via o orgulho dos seguidores de Lúcifer ou a atracção pela Humanidade dos anjos de Wenders? Pareceria já suficiente a resposta que encontrasse queda bastante na imersão num mundo demasiado humano de fealdade, esforço e ambiente pouco respirável. Mas hoje há razão acrescida. Os barbaríssimos atentados do dia, nas ferrovias de Bombaim, dão-lhe um novo significado - o da comunhão do risco, do luto e das penas, abdicando da imunidade angélica.
Perante as atrocidades de hoje e perspectivando os suspeitos do costume, seria fácil publicar imagens de crianças feridas ou de bocados do que em tempos foram pessoas, para estigmatizar o radicalismo islamista, por mais um acto de terrorismo. Não o farei. Prefiro publicar uma imagem de sofrida beleza na hediondez do que evoca e nas dificuldades que mostra. Para que nos lembremos de que se trata uma luta não já do Ocidente, mas universal. E que, assim, a demografia deixa de ser uma arma do Mal.
Hoje, o meu coração é indiano. Gostaria de poder dizer os nossos.