O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, July 13, 2006

A César o Que é de César

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Outra figura histórica que viria a ser assassinada nasceu neste dia: Júlio César, cujo nome haveria de ser sinónimo de Poder, pois que os Imperadores Romanos o tomaram. Mas este era um filho da República, no duplo sentido de ter militado num dos seus partidos, o Democrático, que de Mário fora Leader, e por a concentração do poder pessoal que operou ter dado origem ao fenómeno politologicamente tipificado do Cesarismo, o da demagogia de vários séculos que, em sistemas sem cúpula do Estado Herdada, subverte, em diálogo directo com a Plebe as instituições fracas a que a oligarquia dominante se apega. Mas, descontando o acesso ao poder, que trouxe de novo Júlio César a Roma? A possibilidade de toda a comunidade e já não o patriciado se orgulhar de uma grandeza nacional como coisa sua. Com uma vida pessoal escandalosa, mesmo para os frouxos padrões que se immpunham na Urbe, disponibilizando-se, em novo, para saciar a pederastia de um tirano oriental e tornando-se, na idade viril, o Marido de Todas as Mulheres e a Mulher de Todos os Maridos, até ao romande final com uma odiada estrangeira, soube transformar as qualidades inegáveis como cabo de guerra e literato no fascínio de que um condutor de homens se pode servir para revolucionar um Estado, no sentido da mobilização para os combates externos, em vez da atrofia nas lutas intestinas. O que Alcibíades nunca conseguiu, apesar de ser tão ou mais dotado.
Com respeito pela Envergadura Histórica, mas sem adesão às insuficiências do Homem, aqui fica breve marcação de presença.

9 Comments:

  • At 12:44 AM, Blogger António Viriato said…

    Excelentes evocações de efemérides famosas. A de César já está muito distante e sobre ela paira a dúvida da prática homossexual, que parece também ter tocado outro grande vulto da Antiguidade Clássico - Alexandre -, sem que isso diminua o seu papel na História. Confesso que para a minha mentalidade comum se afigura difícil aceitar essa condição, em figuras de heróis guerreiros, já muito mitificadas pelos séculos entretanto decorridos, ainda que tivesse sido corrente, diz-se, a prática da pederastia entre os Gregos e os Romanos. Já quanto à evocação do assassínio que terá precipitado o alzamiento nacionalista espanhol, que haveria de pôr fim à aventura republicana fortemente jacobina, o julgamento creio que, hoje, é mais sereno, na apreciação que se faz dos excessos de ambos os lados de uma Guerra Civil que devastaria toda a Espanha e inquietaria boa parte da Europa, a começar por Portugal. Estarão as cinzas desta tragédia todas completamente extintas ou terão ficado algumas pequenas brasas entretanto reacendidas ? Responda quem saiba ou quem possa ...

     
  • At 1:28 AM, Anonymous Anonymous said…

    É curiosa esta tendência de vários historiadores em tentarem focar a alegada homossexualidade de Júlio César e de Alexandre. Defendida por uns - na actualidade, por estar na «moda» - na Antiguidade por ser, quer queiram quer não, um estigma. Mesmo em Atenas, o que agora se poderá considerar um «casal» gay não era visto com bons olhos, embora fosse prática corrente certas amizades «coloridas» (brrr...) entre adolescentes.

    Quanto a Alexandre, transcrevo um trecho elucidativo da historiadora Jeanne Reames-Zimmerman, da Universidade do Nebraska, referindo-se a Hefaísto:

    «Our three Greek historians (Arrian, Diodorus and Plutarch) never term him erastes or eromenos, only philos or malista timomenos. Alexander himself calls him philalexandros (friend of Alexander). Curtius and Justin use only amicus, never amans. The only implication of a sexual relationship or use of the term eromenos for Hephaistion occurs in late sources or those of dubious authorship. [Ael. VH 12.7, Epic. Dis. 2.12.17-18, Diog. Epistles 24, and Luc. Dial. Dead 397.]»

    Quanto a Júlio César, não tenho dúvidas acerca da sua heterossexualidade, por muitas razões que não cabe expôr aqui. Mas tanto Alexandre como Júlio César foram homens extraordinários, e o ser extraordinário levanta muitas invejas, principalmente dos medíocres. E, tanto na altura como hoje, o disseminar de histórias sobre a sexualidade das pessoas honradas sempre foi um expediente muito do agrado dos seus detractores.

    Quanto a Júlio César, talvez lhe tenha de apontar uma boa dose de ingenuidade, tanto no que respeita às mulheres (o caso de Cleópatra é paradigmático) como aos inimigos (romanos), que ele pensava ter conquistado pela sua conduta e magnânimidade. E não ter dado ouvidos a Lúcia Calpúrnia Piso, sua legítima mulher (e talvez a única pessoa que verdadeiramente o amava), foi mais do que um erro que ele pagou muito caro.

    Um grande abraço aos dois.

     
  • At 4:50 AM, Anonymous Anonymous said…

    1)Antes de mais, ergamos uma "flute" de champanhe Brutus em honra de César!
    2)Porra, estava a ver que não!
    Sinto-me sempre tão esmagado com a erudição desta malta do blog que não posso desaproveitar a minha oportunidade de dizer algo sobre o assunto.
    3) Consta que durante as marchas militares os próprios legionários de César entoavam uma canção satírica (mas afectivamente, em sentido de homenagem) em que o estribilho seria: "Ele é a mulher de todos os homens e é o homem de todas as mulheres". Portanto, seria isto uma referência segura à sua bissexualidade, coisa que não perturbaria César, nem os legionários, que o respeitavam muitíssimo.
    Onde é que li isto? Francamente, já não sei..
    Em Plutarco ("Vidas Paralelas") há também achegas sobre o assunto. Quais? Já li há muito tempo. Palavra de honra que não estou a gozar. Mas estou imerso no Salão Erótico e com os sonos trocados. Só vim aqui ao Misantropo porque é sempre bom ver os amigos antes de dormir. Vamos ver se consigo dispensar o amiguinho Kainever, que isto anda descontrolado.
    (Já agora, o Pedro Laranjeira está a cobrir o Salão para www.afundasao.blogspot.com e ontem deu-lhe para me entrevistar. Ou seja, o "cobertor" do 2º Salão entrevista o "cobertor" do 1º, que este ano deu "tampa" à São Rosas, a dona do blog porcalhoto).
    Onde é que eu ia?
    AH! sim...
    4) O que parece ser completamente comprovada é a epilepsia em ambos: César e Alexandre. O que terá levado Calígula (acho que foi Calígula, se não foi ele foi Nero. Nero ou Calígula? Fico na dúvida, desculpem lá, qualquer deles era fresco) a simular ataques epilépticos, como forma de emular os seus ídolos César e Alexandre.
    De resto, César sentia-se frustrado quando comparava os seus feitos guerreiros com Alexandre. Devido à precocidade conquistadora do Saladinha de Macedónia.

    Estive bem, não estive? Tirando as dúvidas e a falta de pachorra de investigar.

    Blame it on insomnia and Salão Erótico. Não necessariamente por esta ordem.

    Uma dose de cumps e abraços para ambos, bem aviadas.

    Ambos, quais?!?
    Não interessa, o Cunha Porto usa isto muito e é pormenor de grande meiguice. Não merece menos.

     
  • At 4:55 AM, Anonymous Anonymous said…

    Já agora, no que toca a meninas, podes publicar uma foto da porn star francesa, perfeitamente adorável, de seu nome Tiffany Hopkins.
    Passei meia-hora a falar com ela na festa de apresentação do Salão, no Jardim do Tabaco. Eu disse FALAR. Conheço bem as minhas limitações. É uma querida. Hoje dei-lhe um guia de conversação Francês--Português. Ontem pus-me a escrever-lhe o essencial no bloco.
    E não resisti a ensinar-lhe umas asneiradas em português.
    A pronúncia de uma espécie arbórea muito em voga no que toca a "mandar ir" os árbitros está quase perfeita.
    Mas quem fala em carvalhos fala em eucaliptos, etc...

     
  • At 11:12 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro António Viriato:
    A bissexualidade de J. César parece estar relativamente atestada, embora alguns contestem que o pendor "homo" tenha perdurado para além da juventude. No próprio Senado o acusaram dela, chamando-lhe «Rainha da Bitínia»; e o visado não negou. É, realmente, difícil de compreender, nos nossos dias, tal como a existência, em Tebas de uma tropa de choque cujo critério de preenchimento era essa orientação sexual - o "Batalhão Sagrado". Mas o que de todo inaceitável temos de considerar é a tentativa de alguns membros da comunidade "gay", hoje, tentarem extrapolar para os seus membros as qualidades desses exemplos de outrora, para que lhes sejam desculpados, vá lá, os "defeitos".
    Quanto ao problema que levanta, muito oportunamente, a propósito do horrível conflito que martirizou a Nossa Vizinha, o nosso habitual comentador de Lá, diria o Correspondente do «misantropo...» em Espanha, lembrou um assassinato político recente. Mas mais assustador ainda parece ser a contemporização para com o crime que se encontra na imprensa e na historiografia.

    Meu Caro Carlos Portugal:
    Quanto à bissexualidade de César, reenvio para o que respondi ao António Viriato. Mas acrescentarei duas notas acerca dos erros dele: pensar que as concessões magnânimas passariam uma esponja sobre o inacreditável pendor que tinha para seduzir as mulheres de tantos dos seus colaboradores e amigos. E o facto de ter adoptado o enteado de outra das suas Mulheres legítimas (teve quatro) - esse mesmo, o filho de Servília, esse Bruto do «Tu quoque fili mi?».

    Meu Caro Luís:
    Antes de mais o voto de que tenhamos aqui no «misantropo...», em rigoroso exclusivo, as tuas impressões sobre o Salão Erótico e as braças de correntes que se propõem lá lançar a abissais profundidades.
    Quanto à célebre frase com que estigmatizavam JC, não sei onde a terás lido, mas encontra-se em Suetónio.
    Abraços aos Três.

     
  • At 1:29 PM, Anonymous Anonymous said…

    Ok, Paulo. Então terei lido em "Os doze Césares", do Suetónio, que devorei lá para o Verão de 82 ou 83.

    Este ano não estou a cobrir o Salão para A Funda São, pois estou todo estoirado. Vou fazer um artigo para o número um do "BD Voyeur", do meu amigo Jorge Machado-Dias, do www.kuentro.weblog.com.pt.

    Mas posso-te mandar por mail alguma coisa do meu dia a dia no Salão. Com as minhas desculpas por ser coisita pequena, que a cabeça já está muito esfalfada. Hoje, com kainever, só deu para dormir quatro horitas.

    Não me imaginava era a postar no teu território, mas pelo que percebi pretendes que eu te envie algo, não é?

    Quanto a fotos, como não tenho digital, será Vossa Excelência a sacá-las, não é verdade? Através do que haverá disponível na Net.

    Diga-me Vossa Excelência se estou a laborar nalgum equívoco ou se entendi bem o seu convite.

    Os meus respeitos.

     
  • At 6:38 PM, Anonymous Anonymous said…

    Dear Mr Oporto,

    Give to Cesar what belongs to Cesar. And leave to Mr Graca what belongs to Mr Graca.
    Have a nice weekend.

    Sir William Coconut.

     
  • At 10:50 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Luís:
    Entendeste perfeitamente, este pobre blogue sentir-se-ia honradíssimo em publicar um ou dois "posts" Teus, da dimensão dos que aqui habitualmente são colocados, com as novas mais impressivas desse grande evento lisboeta. Grato, Caríssimo Colaborador.

    I did, Sir William.

     
  • At 1:40 PM, Anonymous Anonymous said…

    Caro Paulo:
    Vou já fazer o post relativo a ontem.
    Quando cheguei a casa esqueci-me, por vários motivos. Estive quase a "aviar" um Juve Leo que me agediu há cinco anos no andebol e que andava lá a passear no Salão Erótico. Aguentei-me, mas não me orgulho da minha atitude, apesar de o número ter tido piada.
    Isso enervou-me.
    Por outro lado, a São Rosas, após um ano sem comentários meus, estava outra vez a tentar censurar-me os comentários. De molde que cortei radicalmente e a ameacei com tribunal e processo da SPA caso não retire os meus livros da loja on line.
    Desculpa lá os desabafos.
    Podes saber mais se fores à www.blogotinha.blogspot.com, num dos últimos posts, em que ela faz um pequeno texto sobre o filho, que disse VENTOAR.
    Vou já escrever o post e mando-te por e-mail. Já sabes que não tenho máquina digital, nem sei postar. Lá terás de ser tu a ter o trabalho e a fazer um link para a Sónia Baby, escolhendo fotos dela.
    Eu até fiz 28 do número do Guiness, mas ainda nem sequer estão em papel.
    Mais tarde, o meu amigo Paulo Cunha Porto até poderá servir-se do que quiser. Podemos cravar a Inês Ramos para lhe mandar uns bonequinhos apetitosos por e-mail. É questão de lembrar aqui o amigo, daqui a uns 15 dias, OK?

     

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