O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, July 13, 2006

Aos Papéis

Não é culpa dele, mas a impotência do Primeiro-Ministro em travar a transferência para o desemprego de tantos trabalhadores da GM/Opel da Azambuja, cujo salário é essencial à sobrevivência das respectivas famílias, deixa em qualquer um a certeza de que o predomínio empresarial no estado faz mossas irreparáveis: a lógica de gestão mata, como já se vê, no caso das maternidades. A idolatria pelas grandes empresas vai moendo, como se vê na insensibilidade delas em deslocalizar-se. Há uma degradação e uma troca de papéis, antes eram as multinacionais que pediam ao Estado que as tolerasse e permitisse investir. Hoje são os governos que correm atrás dos gigantes dos lucros, aceitando ser tratados como subalternos pouco considerados. Que saudades do Meu Rico António, com um dos maiores símbolos da economia internacionalizada dos EUA a meter cunhas a Cardeais, para que o conjunto dos seus insistentes pedidos merecesse, ao menos, uma respostazita...

4 Comments:

  • At 12:49 PM, Blogger JSM said…

    É bem verdade o que diz, com as necessárias reservas quanto às saudades! Você sabe que a verdadeira independência, não a sua mímica, ficou perdida e vencida, mais atrás.
    De qualquer maneira, Sócrates ainda tem hipóteses: se os alka seltzers não chegam para digerir este 'enjoo', está na hora de liberalizar os 'serenais'.
    A malta que se acalme.
    Um abraço.

     
  • At 3:38 PM, Anonymous Anonymous said…

    Mas alguém tinhas ilusões de que somos um país assim tão especial, para as multinacionais (ou mesmo as nacionais) cá ficarem para sempre? Onde é que os nossos governantes ou os fossilizados sindicatos têm a cabeça?

    Nós já tivemos a nossa quota parte de receber deslocalizações vindas da "outra" Europa. Agora, é a vez do Leste ou do SO asiático...O problema foi termos ficado a "dormir à sombra da bananeira". O depertar está a ser duro...

     
  • At 5:02 PM, Anonymous Anonymous said…

    Não se afija muito, caro Paulo. Afinal, as reprovações a matemática ficaram-se pelos sessenta e quatro por cento. O Big Brother, esse, já saltou dos estúdios para as estradas, para que nenhum de nós se perca e, além disso, vá contribuindo para o buraco do orçamento.
    Como aqui foi dito, é preciso mais cabeça e menos arrogância. Temos companheiros de rota, Finlândia e Irlanda, por exemplo, que superaram com distinção os seus desafios. Para isso, a escola tinha sido uma aposta ganha; por aqui, está longe disso; ao António podiam copiar, ao menos, o seu "vício" pelos orçamentos equilibrados e o seu estilo de vida frugal, já que a opulência vivida ao lado da miséria é um insulto. Veja-se a tentativa de expulsão dos reformados da GNR das suas vélhas casas e medite-se ao que isto chegou: já nem resta um pingo de vergonha.

     
  • At 8:25 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro JSM:
    Claro que a independência tem vindo continuada e continuamente a ser alienada, ao deixarmos que os outros decidam o regime que nos rege, ao permitir que a chefia do Estado seja ocupada por membros de internacionais partidárias, sem menosprezo para as pessoas, ao reduzirmos a um caro mas pouco expressivo rectângulo a Portugalidade que, por vocação estava presente em todo o planeta e, capitulação final, quando os nossos políticos aceitam prescindir do direito de veto na Europa integrada. Mas gostaria que o que é patente quanto a organismos públicos se não estendesse, com tal despudor, ao sector privado.

    Meu Caro TSantos:
    O pior é que ficou ainda aquém das expectativas. Um Perito, o Prof. César das Neves, dizia estar convencido de que, desta, o governo conseguiria salvar o país do fantasma da retirada, mas que não punha as mãos no fogo quanto à repetição da cena daqui a três ou quatro anos. Afinal, nem adiamento...

    Meu Caro Zé:
    Mas qual! A insistência continua a ser na ideia de que os políticos são muito mal pagos e que se lhes aumentarem os ordenados, em acto contínuo, se operará a maravilha da transferência das luminárias para o governo da Nação.
    Quanto à batalha educativa, vejo lateralidades, umas com que concordo, outras com que não, mas não vislumbro o essencial, que seria a alteração radical dos programas.
    Enfim, abraços a Todos.

     

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