Vender os Dedos, Comprar Anéis?

O Presidente do Sporting, Soares Franco, conseguiu, finalmente o que
queria: a autorização da Assembleia Geral para a alienação de património não desportivo. Leia-se "vender bens para comprar jogadores". Fosse eu obcecado pelo desejo de ver o mal dar cabo dos rivais, seria ocasião de rejubilar. Não é o caso. Tudo o que de menos bom lhes desejo é na competição em que o meu Benfica tenha interesses. E lamento ver o Rei da Selva de mão estendida, mendigando a sobrevivência diária, como o antevejo já, depois de se ter desfeito da herança familiar,
na miragem de contratar equipas-maravilha. Os atletas custam caro, sendo que, na maior parte das vezes, desiludem, lesionam-se ou reformam-se, fazendo da desvalorização a regra. Quem amputa as cinco extremidades da mão jamais poderá anilhá-las.
O misantropo, que sofre a bom sofrer com o espectáculo das Grandes Famílias desbaratando os palácios e as propriedades em que se fizeram, verte aqui a lágrima da ordem - mas nem por isso menos sentida - por imaginar o Leão de Tanga. Mais uma cedência do Perene ao passageiro. Mas da Ilustre Família Sportinguista esperava-se outra coisa.