Apocalíptica Camoniana
Para honrar o Poeta a Revelação da Elegia XII, que, por acróstica, nos dá a Chave da Salvação e da Divina Virtude da Justiça:
Juizo extremo, horrifico e tremendo,
E Juiz sempiterno, alto e celeste,
Significará a terra, humedecendo.
Ver-se-ha nella hum suor que manifeste
Como em carne vem Deos, para que o veja
Homem toda esta machina terreste;
Rei justo, que dos corpos e alma seja
Juiz; e quando o mundo cego e inculto
Sobre espinhos crueis deitado seja,
Todo vão simulacro e gentil culto
Ousará engeitar a gente; e a guerra
Fará co´o mar o fogo, e cru tumulto.
Immensa luz, que as carnes desenterra,
Lançará fóra as portas vãas do Averno,
Hum Justo e outro alçando á santa terra.
Outros, que são os máos, no fogo eterno
Deitará, descobrindo-se os segredos,
E sendo claro todo feito interno.
Desfeitos serão montes e penedos,
E será tudo pranto e estridor duro;
Obras de grande dor e tristes medos.
Será tornado o sol de todo escuro,
E destruida a machina do mundo,
Sem luz as luzes todas do Orbe puro;
Altos serão os valles, e em profundo
Lugar se abaterão os altos montes;
Vibrará mares vento furibundo:
Averá só de chamas vivas fontes:
De trombeta tremenda som terribil,
Ouvido, fará pallidas as frontes.
Responderá dos máos gemido horribil.
Preservou-se a grafia com que o Visconde de Juromenha a verteu.
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