Reflexos de um Olhar de Ouro
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Dez de Junho foi também o dia de Gustave Courbet. Já tenho publicado várias obras dele e não faço tenção de dar à estampa a sua fecunda visão da origem. Para hoje acho apropriadíssimo este auto-retrato, um de vários que elaborou. Para um misantropo é toda uma conglomeração de atractivos: o olhar trocista e distante que é o que a triste realidade merece; uma bengala - ou talvez um bordão mais singelo, signo insofismável das caminhadas que se empreende: o livro, sempre o livro; e o amigo de quatro patas, mais próximo e confiável que tantos - embora não todos - os de duas. Até as rachas da pintura parecem querer simbolizar as inescapáveis falhas da coerência...
É sempre bom sabermos como Alguém vê o mundo, através da forma como se vê.
Dez de Junho foi também o dia de Gustave Courbet. Já tenho publicado várias obras dele e não faço tenção de dar à estampa a sua fecunda visão da origem. Para hoje acho apropriadíssimo este auto-retrato, um de vários que elaborou. Para um misantropo é toda uma conglomeração de atractivos: o olhar trocista e distante que é o que a triste realidade merece; uma bengala - ou talvez um bordão mais singelo, signo insofismável das caminhadas que se empreende: o livro, sempre o livro; e o amigo de quatro patas, mais próximo e confiável que tantos - embora não todos - os de duas. Até as rachas da pintura parecem querer simbolizar as inescapáveis falhas da coerência...
É sempre bom sabermos como Alguém vê o mundo, através da forma como se vê.
8 Comments:
At 12:14 AM, Anonymous said…
Boa obra da linha realista, evidenciando já, com apenas vinte e três anos, um invejável domínio do retrato, trazido a este blog com uma interessante interpretação.
Estava a dez anos do encontro com Proudhon, a cujas ideias sderiu, reflectindo-se já no seu semblante o espírito irrequieto que o havia de acompanhar.
At 7:38 AM, Paulo Cunha Porto said…
E há um outro, com menos variantes cromáticas, que me parece de época não muito afastada, em que a irrequietude talvez ainda esteja mais patente.
Obrigado pelo interessantíssimo comentário.
At 10:47 AM, Anonymous said…
Muito belo! Assim vi ontem alguém admirar o discurso solene do sr. predidente da República: aquele muito a propósito sobre obesidade e tabagismo &c.
Muito belo!
Cumpts. Paulo
At 11:06 AM, Paulo Cunha Porto said…
É que a realidade está por todo o lado, Caro Bic...
Hihihihi!
Abraço.
At 3:52 PM, Anonymous said…
E é sempre bom saber que não estamos sós nesta visão do mundo.
At 6:35 PM, Paulo Cunha Porto said…
Mesmo para um indivíduo isolado e antipático, que tem em desdenhosa conta os méritos atribuídos pelo critério do número, é um consolo, sim.
At 10:07 PM, Graça said…
Muito interessante esta "apropriação" do quadro de Courbet, que tem, aliás, uns auto-retratos interessantíssimos: além do que aqui se reproduz, também gosto de O Ferido, do qual ainda me hei-de apropriar a seu tempo.
Bj
At 10:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
Querida Graça:
Muito obrigado. Achei, realmente que a expressão coincidia com o tom com que titulo o blogue, que não é falsificado, embora não exprima, julgo, a totalidade.
O «Ferido» é interessantíssimo. Se a serenidade facial indica já estar num estágio para além da dor, angustiam-me bastante quer a coloração da mancha de sangue que se divisa na camisa, quer o que imagino que a figura esteja a segurar, por baixo da roupa.
Fico à espera, impaciente da apropriação. No fim de contas também é uma forma de homenagear, não é?
Beijo.
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