Todo o Radicalismo tem um Preço?
O Hamas chegou ao poder pelos votos, mas vivia o pavor de ter de sair dele, mais cedo do que a normalidade de um ciclo aponta, pela mesma via. Tanto que terá aceite um acordo que reconhecerá, implicitamente, a existência de Israel. A bandeira da continuação ilimitada da luta contra este, que alicerçou a popularidade do movimento, passa, assim, para o limbo das referências de uma distante fundação. A Jihad Islâmica Palestinianajá esfrega as mãos, ao acreditar que, ficando sozinha com o monopólio do não-reconhecimento do Estado Hebraico, poderá crescer à custa das franjas desiludidas com a cedência do partido governamental. Mas serão sempre segmentos relativamente marginais. Para começar, os governantes deviam ter indicações seguras de que a posição radical sairia vencida do referendo ameaçado pelos seus rivais, adeptos do Presidente Abbas, ou não teriam feito oposição tão determinada à consulta, ao ponto de cederem no princípio em jogo, para a evitarem. O problema é que os dois adversários credíveis para a governação palestina precisam como de pão para a boca dos dinheiros embargados que permitam distribuir pelos muitos funcionários e respectivas famílias o dito. Com esta marcha-a-trás já podem fazer-se à liberação dos fundos. Daí que o herdeiro de Arafat já tenha vindo dizer que o plano internacional de fazer chegar ajuda às populações sem passar pelas autoridades de Rammalah é inaceitável. É, mais do que uma maioridade, a própria sobrevivência política que está em jogo, pois o estômago vazio de muita gente começa a prevalecer sobre as inclinações da alma.
2 Comments:
At 11:14 AM, Flávio Santos said…
Continuo a achar que os maiores obstáculos à paz não vêm do Hamas mas de Israel (conforme a atitude que vier a tomar) e da Fatah.
At 11:27 AM, Paulo Cunha Porto said…
Bom, meu Caro FSantos, mas neste caso, o conflito era pelo predomínio interno...
O que mais curioso me deixa é ver a medida em que os radicais teleguiados do Cairo ganharão com esta inflexão.
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