O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Sunday, June 18, 2006

Tomando-nos por Lorpas

O Presidente Morales da Bolívia quer limitar a produção de coca. Converteu-se à honestidade? Não, Caros Leitores, não esperem tanto daquela cabeça. Voltou a dizer que a substância que dá na cocaína «não é daninha, nem veneno», pelo que a redução apenas visa, segundo um malévolo raciocínio, prestar mais atenção à industrialização e convencer a ONU a retirá-la do index, prometendo, para breve a sua legalização. Todos os que já viram algum dos seus destruído pelo pó branco podem certificar-se de quem é o inimigo.
Porém, nestas tentativas de tentar atirar poeira para os olhos, o pior é a insistência dos carniceiros japoneses da caça à baleia em reverter a moratória no abate dela e de golfinhos. Chegaram a mobilizar votos do Mali e da Mongólia, países que, como bem se sabe, são muito dotados de costa oceânica e povoadíssimos por cetáceos.
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Ninguém acredita que aqueles pobres países não tenham visto o seu voto comprado pelos endinheirados armadores nipónicos escudados no seu governo. Felizmente não chegou. A proposta foi derrotada, bem como algumas espertezas apresentadas em moções paralelas.

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Contudo, em falando deste tema, não posso calar um dos espectáculos mais horripilantes que me foi dado ver: numa ilha piscatória do País do Sol Nascente, tendo um golfinho encalhado numa praia, reuniu-se a população para alegremente o matar à paulada. Obrigaram as crianças a testemunhar o feito, «para os endurecer». Os miúdos choravam e duvido que algum espectador bem formado não soltasse também alguma lágrima perante o espectáculo e o facto de nada poder fazer. O Japão tem muitos aspectos civilizacionais admiráveis. Mas não este, mas não este!

6 Comments:

  • At 10:18 PM, Blogger vs said…

    " O Japão tem muitos aspectos civilizacionais admiráveis. Mas não este, mas não este!"

    Exactamente.

    É um país que tem muitas coisas admiráveis e outras....nem por isso (eufemismo).
    Mas têm mudado, para melhor.

    Lembro-me do destino de muitos dos conquistados durante expanão 'imperial' na II Guerra e do que aconteceu aos chineses durante a ocupação japonesa.

    "From the invasion of China in 1937 to the end of World War II, the Japanese military regime murdered near 3,000,000 to over 10,000,000 people, most probably almost 6,000,000 Chinese, Indonesians, Koreans, Filipinos, and Indochinese, among others, including Western prisoners of war."

    Muito, mas muito mais do que nas tão 'apregoadas' Hiroshima e Nagasaki, embora tal não justifique estas últimas.

    Relembro a TREMENDA arrogância nipónica durante o conflito.
    Julgavam eles que lá com as 'filosofias' e com aquelas 'tangas' iam vencer.

    E a tareia que levaram em Iwo Jima?!?!
    Impressionante.

    Gosto de os ver nos documentários, cabisbaixos, em frente aos Ray-Ban e ao charuto de Douglas McArthur.

    Hoje em dia (com algumas excepções como esta) é um país admirável, uma síntese perfeita de extrema modernidade em harmonia com a tradição, coisa só ao alcance dos Grandes.

     
  • At 10:25 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Ora aí está, Caro Nelson. É justamente a harmonização entre modernidade e tradição um dos aspectos que neles prezo, como certos requintes da delicadeza, a pintura, por aí fora. E reconheço que na cidade tem havido uma humanização que deve ser registada, face à desmedida arrogância de décadas atrás. Mas no coração do povo e dos grandes interesses económicos ainda há trabalho a fazer, como se vê. Abraço.

     
  • At 11:44 PM, Anonymous Anonymous said…

    Reparo agora que estou a escrever tudo isto no meu computador... japonês, lançando um olhar à minha televisão...japonesa, enquanto imprimo maquetes na minha impressora...japonesa....feitas a partir de imagens tiradas pela minha máquina fotográfica...japonesa....



    Definitivamente, temos que lhes 'tirar o chapéu'!

    ;)

     
  • At 9:24 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Lá nisso, Caro Nelson!
    Mais uma razão para renunciarem à crueldade para com os animais.
    Abraço.

     
  • At 6:08 PM, Blogger Jansenista said…

    Choca muito o sofrimento que provocam na "caça" à baleia e também o facto de estarem a pôr em perigo espécies ameaçadas de extinção. Não me chocaria se se tratasse da habitual cadeia alimentar com minimização do sofrimento (se houvesse abundância de baleias e elas fossem atordoadas antes de serem abatidas). Valha ao menos que eles são menos bárbaros do que o pessoal das touradas, que provoca sofrimento nos animais por pura "diversão". Abstenho-me por isso de atirar qualquer pedra aos japoneses (lembrando ao Nelson Buiça que eles foram tão vítimas da clique militarista como, por exemplo, os milhões que, na guerra anterior, morreram nas trincheiras por ordem de Joffre, Foch, Falkenhayn, Hindenburg, ou Haig).
    A esmagadora maioria dos japoneses... davam bons cristãos!

     
  • At 6:59 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Jansenista:
    Claro que o problema maior é o da insensibilidade, quer perante a escassez destes animais, quer pela crueldade das cenas que descreve, como da que eu descrevi; e mais, pela especial compaixão que inspiram seres com comportamentos de comunicação e até de suicídio semelhantes ao do Homem. Quanto à tourada, já o disse, quer aqui, quer no Ashram, sou contra. E acerca da dureza japonesa, ela edulcorou-se nas elites, após a derrota, com a percepção de que não era a via para o triunfo e que povos desprezados lhes podiam ganhar, com outros valores. Vai daí, caíram um pouco no extremo contrário em alguns campos, como na organização empresarial e no beisebol, decalcados do ocupante norte-americano. Mas mantiveram um certo domínio espiritual reservado e a fidelidade ao Imperador, que também abdicou de muito do que era para não fazer sofrer mais o Seu Povo. Ainda não está convertido à Monarquia?
    Abraço amigo.

     

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