Os Custos da Privatização

761.000 Euros é quanto o Estado pensa gastar com subsídios de reintegração de deputados, para lhes facilitar a vida no regresso ao sector privado. É verba astronómica, própria de transferência de futebolista cotado, e incapaz de dar as alegrias que aquela promete, pois destas recompensantes e boomeranguísticas alterações de planos e carreiras ninguém espera coisa que se veja.

Se é demagógico querer a extinção desta benesse pecuniária, desde já DEMAGOGO me confesso, a Vós, Irmãos. Não vejo como o possa ser, já que não quero ir para lá, assim como não estou a defender que sejam maltratados os políticos, apenas que não sejam imerecidamente contemplados com um tratamento de excepção.

Defendo que um servidor público em cargos eleitos deve estar disposto a sacrifícios salariais, o que até admito que aconteça em muitos casos. Mas mais, não deve ter direito a embolsar maquias desta ordem: o argumento de que, se não fossem instituídas estas compensações, os melhores se afastariam, crescentemente, da política, não colhe, por reversível. Afinal, se precisam destes auxílios, não são assim tão bons, tão procurados, podemos bem passar sem eles.

O que faz surgir a suspeita de que muitos se candidatam, já, na esperança de meter ao bolso estes cobres. Comportamento bem mesquinho e que faz baixar de nível os ganhos profissionais de estatuto com que bastantes já sonham, a partir da notoriedade inerente à condição parlamentar.