Exortações da Terra

Sempre me deixei espantar por apelos governativos, em matéria do foro íntimo, que têm sucesso junto da população, ou de indivíduos, desde que não seja exercida coerção. Um caso clássico que me fez ficar de boca aberta, foi a insistência com que os membros do governo provisório polaco instalado pelos franceses no princípio do Séc. XIX, secundados pelo próprio marido, tentaram apelar, ao patriotismo da Condessa Walewska, para que anuísse às investidas de Napoleão:

«Madame, se fosseis homem, decerto daríeis o Vosso sangue pela Polónia. Sendo Mulher, há outros sacrifícios que podeis fazer pelo Vosso País».

Sem tantas complicações morais, os australianos, que se aliam e rivalizam connosco no que respeita aos tumultos de Timor, inventaram uma formulaa linda, que não lembrou aos europeus, para combater a baixa natalidade: o executivo lançou uma campanha para que cada casal tivesse, pelo menos, três filhos - «um pelo pai, outro pela mãe e outro»... «pelo País». E o que é incrível, mais do que no exemplo acima citado, é que este apelo foi atendido e os nascimentos atingiram em 2005 um nível record, desde 1992.

Aqui estava um meio para o Eng. Sócrates salvar as pensões e a Segurança Social, sem mexer nas reformas e outros direitos. Ai! Que cabeça a minha! Claro que não resultaria, afinal que convicção poderia pôr nesta propaganda um governo que fecha maternidades?