A Praça Pública
Não falarei das declarações da ex-coordenadora do combate ao crime Rosa Mota, no que respeitam às acusações a um ex-subdirector da PJ, que diz ter tentado proteger um dos arguidos. São matérias que, se provadas, devem ser resolvidas penal e disciplinarmente em sede própria. Mas devo aqui discutir duas outras revelações. A primeira, sobre «muitas diligências terem ficado por realizar devido à mediatização e repercussão pública do processo», vem acabar com o velho mito, sempre agitado por qualquer suspeito, de que, quando publicitado, um caso criminal equivale a um linchamento em praça pública. Verifica-se que pode muitas vezes é dar origem a uma dupla protecção do visado: quando leva à desistências de procedimentos investigatórios, como aparenta ter acontecido; e quando o próprio chora diante das câmaras, dizendo-se perseguido, numa pressão mais eficiente do que se julga para que o caso seja deixado cair. Continua a ser necessário garantir a confidencialidade da acção das polícias e a preliminar do Ministério Público, mas pelos motivos inversos desses que são habitualmente brandidos.
A segunda declaração diz-nos que havia mais suspeitos, mas que, por os crimes imputados já estarem abrangidos pela prescrição, não foram interrogados. Sabe-se como a figura é essencial à segurança jurídica, porém valeria a pena pensar um alargamento de prazos que não fizesse uma preocupação em abstracto sobrepor-se e neutralizar, pela promessa de impunidade, a segurança das potenciais vítimas.
3 Comments:
At 12:18 PM, Paulo Cunha Porto said…
Só, Caro SA? Pensei que tivesse alastrado mais. Todas as cumplicidades, originadas nessa ou noutra proveniência, que obstruam a justiça devem, evidentemente, ser neutralizadas. Como o deve ser a instrumentalização dos "Media" para propagandas contrapostas às acusações ou suspeitas conhecidas, sob pena de isentar da justiça quem acesso tenha a tais manigâncias.
Abraço.
At 2:26 PM, JSM said…
Hoje a única palavra que me acode ao pensamento, que está na ponta da língua é: Vergonha.
A Justiça em Portugal é coisa para crianças, um faz de conta...
Um abraço.
At 8:22 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro JSM:
Um complemento ideal para o ramalhete de que também consta a inventona da cabala, não acha?
Meu Caro SA:
Já sabia que se tratava de uma agência de emprego eficaz. Mas até por isso julguei que fossem mais.
Abraços a Ambos.
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