A Ordem dos Factores
Entrevistado pelo «DN», o conferencista Garton Ash assevera que «a integração da Turquia na Europa terá uma mensagem positiva: a de que os muçulmanos fazem parte da Europa». Muito bonito, simplesmente não é isso que os fundamentalistas querem. O que eles pretendem é que a Europa faça parte dos muçulmanos. Não é arbitrária a ordem dos factores, nem há arbitrariedade neste juízo, como prova a sempre repetida propaganda contra os "francos", reconvertidos em cruzados pelos islamistas. Repare-se que em Ankara mora um governo de partido religioso e que a sua ventilada moderação mais não visa do que conter nas casernas os militares e impedi-los de cumprir o mandato kamaliano de garantes da laicidade do Estado, quando esta perigue. Apetece parafrasear Akira Kurosava: Quando se pretende enviar mensagens, não se brinca com o destino dos povos, escreve-se cartas.
4 Comments:
At 11:40 AM, L. Rodrigues said…
Achei muito interessante o princípio enunciado pelo professor Adriano Moreira, em entrevista recente na SIC notícias, de que a Europa devia manter fronteiras com países amigos.
Isto implica manter a Turquia como aliado, mas não como parte da União, já que implicaria a Europa passar a ter fronteiras com países... menos amigos, passo a redundãncia.
Por outro lado, achei também muito interessante que ele não partilhasse a tese do choque de civilizações, mas antes subscrevesse a tese do choque de ignorâncias.
A actual ordem mundial e o "fim da história" por ela desenhado deixou de fora meio mundo, que reclama que os seus valores sejam tidos em conta e não que os ocidentais sejam automaticamente universais. Mas isto já é outra história.
At 7:37 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro L.Rodrigues:
é, precisamente, essa a minha posição. Longe de mim empurrar a Turquia para braços indevidos. E sempre fui apologista de mantê-la e estimá-la na NATO. A minha objecção à entrada na UE não reside, porém, apenas na proximidade maior ou menor das fronteiras hostis. Temo pelo número de migrantes dispostos a muito que circulariam à vontade no território, como as infiltrações radicais mais difíceis de controlar e, até, alguma problematicidade das comunidades deslocadas, como demonstra o caso alemão. Não quero impor valores alguns NO PAÌS DELES. Mas a ocidentalização levada às últimas consequências foi decidida de motu próprio pelos governantes que se seguiram à queda do Império Otomano, Kemal e Ionu.
Meu Caro SA:
É a isto que se chama mais do que vertigem, a tentação do abismo, creio.
Abraços aos dois
At 6:12 PM, Anonymous said…
Caro Misantropo,
Contentar-me-ia se ficássemos, NÓS, fora da "Europa".
Ilustre Sr. Rodrigues,
Proponho que comecemos, NÓS, por repor a nossa fronteira com Espanha.
O Internauta Descerebrado.
At 6:54 PM, Paulo Cunha Porto said…
Eu sei, Caro Internauta Descerebrado, que sois um ultramarinista Puro e Duro.
Mas nem tanto ao mar, nem tanto à terra!
Abraço.
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