E Depois?
Para completar o dossier, gostaria de fazer mais uma referência. Há um livro muito interessante e não dos mais assíduos nas livrarias, que toca a todo o Campo Nacional, a propósito do 28 de Maio. É «A CONTRA-REVOLUÇÃO», de João Ameal. Além de incluir trabalhos jornalísticos anteriores ao Evento, que são preciosos para avaliar o ambiente da época, agrupa os artigos que o Autor publicou no primeiro e segundo aniversários da Intervenção Militar, sublinhando a necessidade de edificar sobre princípios sãos uma armação para o Futuro, agora que os adversários obstrucionistas estavam de rastos.
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Mas, para mim, o mais significativo encontra-se numa crónica/manifesto a quente, datada de 5 de Junho de 1926, de que não resisto a dar-Vos um trecho:
«Como nacionalista e tradicionalista, é claro que me agradaram as directrizes que o sr. general Gomes da Costa anunciou, como programa a guiar os actos imediatos do novo govêrno. E agradaram-me, porque satisfazem em mim, não evidentemente todas aquelas bases que suponho essenciais para a reconstrução portuguesa - mas, pelo menos, algumas. Dessas bases, umas são negativas-outras, construtivas. Às primeiras, contentou-as até certo ponto o movimento militar. Porque elas consistem, principalmente, numa inadiável e justiceira destruição das instituições democráticas-anti-nacionais. Cerrou-se, por felicidade, o parlamento, foco de misérias, de conflitos e de vergonhas. Proclama-se a intenção nítida de dirigir fora e contra os partidos políticos-vampiros da Nação. E, portanto, abandonam-se resolutamente as estupidas engrenagens da democracia-mentiras funestas de que só derivam catástrofes, pilhagens, delírios e ruínas.
Muito bem. Mas agora? Faltam as bases construtivas. Falta, sôbre a magnífica obra de reabilitação política iniciada com a morte do regime de opinião e com a promessa dum regime de energia-falta criar, desenhar a estrutura nacional, organizar, na verdade, aquela representação dos interesses vivos, reais e permanentes da Nação, de que fala a proclamação do Chefe revolucionário.».
Porém, quem queira não perder o seu tempo, em ordem à Doutrina que edifica, deve visitar o Euro-Ultramarino, que a ela se refere com esmero e arte.
9 Comments:
At 3:46 PM, Flávio Santos said…
O diagnóstico que Ameal faz do regime democrático está perfeitamente actual, o que não surpreenderá quem leu Maurras e sabe o que é inerente ao referido regime.
At 3:57 PM, Paulo Cunha Porto said…
É bem verdade, Meu Caro FSantos. E a situação portuguesa da época parecia empenhadíssima em confirmá-lo, tintim por tintim.
Abraço.
At 5:09 PM, Anonymous said…
Amigo Paulo: someto a la consideracion de tan conspicuos expertos una sugerencia basada en intuición: ¿Es posible que existiera una conexión entre los generales Carmona(portugues) y Primo de Rivera (español),dado que el primero al parecer estuvo destinado en la villa de Chaves y el segundo veraneaba todos los años en la cercana villa galaico- española de Verín (Orense)? El general Primo de Rivera, presidente de gobierno en los años 20 iba a "tomar las aguas" al Balneario Cabreiroá, que había popularizado García Barbón y pienso no sea descabellado que tuviera una entrevista con su colega portugués, que creo que tenía cierta querencia por la villa trasmontana (aunque me parece mas bien minhota) de Chaves, ya que son localidades cercanas. Podía haber sido también hombre de enlace el politico conservador español Bugallal....? Así como unas veces España había copiado formas de gobierno luso, ¿Se hablaría en esas hipotéticas entrevistas de instaurar en Portugal un Régimen de Autoridad y de Prosperidad como fue el de la llamada "dictablanda" del General Primo de Rivera?......Me gustaría conocer la opinión de tan destacados expertos en la materia....Un abrazo....
At 5:36 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caríssimo Amigo:
Não sou , pobre de mim, um especialista. Mas vou tentar desencantar na biografia de Carmona por Leopoldo Nunes alguma referência à eventualidade posta sobre a mesa. Se teve lugar esse convívio, é natural que lá venha mencionado.
Abraço.
At 5:57 PM, Klatuu o embuçado said…
O que você lê!!
At 6:22 PM, Marcos Pinho de Escobar said…
Meu caro Paulo:
Obrigado pela amável referência e obrigado pela bela evocação do grande Ameal. O 28 de maio foi, de facto, o "ponta-pé" inicial, a suspensão imediata do descalabro demo-partidocrático. Havia que arrancar com a nova "estrutura nacional". E é justamente nesta tarefa que Portugal tem o raro privilégio de poder contar com um homem de génio. Nunca li este trabalho do João Ameal mas vejo que é uma grande sugestão de leitura.
Um abraço amigo.
At 6:34 PM, Anonymous said…
Após ver aqui referências a obras de grande nível(labor do autor do blog) obras raras, de interesse sem preço. Atrevo-me a deixar uma sugestão/apelo: porque não "abrir" um espaço ao seu público? São João do Estoril parece-me ideal. Um espaço de consulta e venda!
Pense.
At 6:56 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Klatuu:
Pois é, este sujeito é um chatarrão, mas como não há que aturá-lo 24 horas por dia, antes alguns minutos de leitura da página, parece-me de alguma vantagem relembrar livros importantes sepultados na obscuridade da falta de memória.
Meu Caro Euro-Ultramarino:
Agradecimento nenhum, o Mérito da postagem de Além-Atlântico é que não permite que eu silencie a Sua oportunidade e o Seu saber. O livro do Ameal parece-me, de facto, essencial pelo acompanhamento que faz dos antecedentes e primeiros tempos da Ditadura Militar quem tinha a noção bem precisa do conteúdo de valores que era preciso implementar num modelo político para lá da transitoriedade.
Gratíssimo pela relação do dia ao Estadista que dele resultou.
Caro Anónimo:
Infelizmente, quanto a «venda» é que estamos pior. Costumo sempre dizer que se fosse livreiro, decerto marcharia em passo acelerado para a falência, tamanha seria a má vontade para com quem me quisesse levar os livros...
Mas obrigado por me crer capaz de semelhante ofício, tão exigente que é.
Abraços a Todos.
At 11:32 PM, Anonymous said…
brilhante escritor só podia ter nascido na mima terra: AMEAL
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