Diz-me Quem Te Governa, Dir-Te-ei Quem És
No momento em que toda a gente anda revoltada com o confessado iberismo do Ministro Lino, estreia-se o misantropo numa nova faceta, a de deitar água na fervura: em primeiro lugar, não parece que o ministro saiba o que a palavra quer dizer. O futuro comum de que fala, trocado em miúdos, não parece ir além da concertação de posições, dentro da UE, imagina-se. Não há que gastar demasiada saliva, perdão, demasiados bits, com um governante sem peso político e cuja demissão não atrasaria ou adiantaria à socrática felicidade, ou à desditosa sujeição que atravessamos. Muito coerentes com o descaro ministerial são, entretanto, os resultados de um estudo sobre o poder de sedução de Portugal. Não tendo ideia da fidedignidade do inquérito, acho, todavia, as conclusões coincidentes com o que a observação me transmite: que a gente que nasceu por cá se está nas tintas para a Pátria e só não muda de ares por comodismo inibidor, uma vez que a mudança arrastaria consigo alguns custos de adaptação e tranquilidade.
Conjugando as duas situações, cheira-me que essa maioria não se importaria grandemente com a imposição de um estado ibérico. Teria, afinal as vantagens, sem que nisso encontrasse custos, que a noção de Herança é inoperante para tal populaça, hoje em dia. O iberismo permitiria que o estrangeiro viesse até eles, uma vez que nem sequer têm força de vontade para emigrar.
O desbocado membro do governo encara, sem ambages, o Espírito do Tempo, que arrasou a concorrência como Espírito do Povo, o qual deveria opor-se a ele, nesta matéria, em qualquer país saudável. É triste, mas é verdade. E motivo para uma urgente reforma das mentalidades.
3 Comments:
At 3:32 PM, JSM said…
Estamos por tudo. Não se importam com nada, e no entanto...têm as suas boas razões. A orfandade já dura há muito, a nobreza (traduzo para 'elites', não vá algum dos seus visitantes enxofrar-se) não existe, logo, o que é que nos agarra ao torrão natal para além do sol e do mar!? Querem lá saber quem é o patrão...desde que pague.
Um abraço.
PS. O pedido está feito, no local do costume.
At 6:42 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro JSM:
É como diz, quando se não estima um produto, como condenar um vendedor da concorrência?
Lá irei, pois.
Meu Caro Sapka:
Hispanismo é uma coisa cara a todo o Mundo Peninsular e, até, além-Atlântico. Espanholismo é outra, que fica bem aos Nossos Amigos do lado de lá da fronteira, mas não a nós.
Retomando a lição de Mestre Sardinha já aqui, por finais de Novembro, procurei encarecer uma reformulação da proposta que em devido tempo ele apresentara de Aliança Peninsular. Nada tinha a ver com iberismo, mas com a acção concertada em prol dos interesses comuns que unam os dois ramais da mesma Civilização, neste extremo da Europa.
O resto não é para mim, nunca fundei as minhas crenças no que pode servir a Nação noutros critérios que civilizacionais ou político-estratégicos.
Abraços aos Dois.
At 7:09 PM, Anonymous said…
Não acho que corramos o risco de ser "integrados" num estado Ibérico, pelo menos em termos políticos...Os Espanhóis devem ter aprendido alguma coisa com a fusão das duas Alemanhas...Já economicamente, a conversa é outra...
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