Monopólio de Facto

O Arquitecto Saraiva mostra-se entristecido por aquilo em que o «EXPRESSO» se está a tornar. Não é só ele, aposto que muito bom leitor verte umas lágrimas pela proporção inversa pela qual a qualidade vai respondendo ao aumento de peso do jornal. Sobretudo na parte da "Cultura": Quando eu tinha vinte anos era o guia absoluto, dentro do que havia cá pela terra, enquanto que hoje me detenho cinco minutos, não mais, nas sugestões. E não há que assacar-me as culpas, pois vou beber conselhos a outros lados. Como também na "Política" vejo alguma degradação, com cedências aos tabloidismos lobistas, de que é exemplo a tristemente célebre sondagem sobre os números das preferências sexuais.

Mas daí ao êxito em erguer-lhe uma alternativa vai alguma distância. Até agora, de entre vários pretendentes, só «O INDEPENDENTE» da fundação, com responsáveis e cloaboradores in, conseguiu dar um solavanco num jornal que se alimenta do passado mítico de fundador do regime e da sempre anunciada independência da redacção face aos proprietários. Hoje porém, estão outra vez alargadas as diferenças de saída entre ambos. No entanto, pode ser que um ex-Director, que lá esteve tantos anos, disponha da chave mágica com que combater o mal que contribuiu para alicerçar. Desejemos-lhe pois boa sorte no projecto fundacional que alimenta.