Leitura Matinal -304

Não consigo usar o blogger para colocar imagens, por isso vai sem bonecos.

Enquanto há um medo de nos aplicarmos por não se desejar perder algo que se tem, ou pensa ter, uma abstenção partícipe da avareza como outras mais materiais abstenções e ainda mais radical do que elas, estamos aquém da vivência única que uma aplicação generosa do nosso eu acrescenta ao somatório do nosso Ser. Pode manifestar-se no Serviço, no Culto, no Amor, na Esmola, na Solidariedade, na Obra. Pouco importa. O que interessa é que esse paroxismo da experiência, que nos remeteu para a ofensiva contra a letargia, em nada degrada o património que com unhas e dentes pretendíamos conservar, antes lhe junta a dimensão extra-individual que é a expressão mais feliz do enriquecimento interior.

De Stefan George:

O QUE ACONTECEU

O que aconteceu, que mal me reconheço,

Que não sou outro, mas sim mais do que era?

Quem me estimou e honrou, faz hoje o mesmo.

Os amigos me buscam, gráceis, tímidos.

Nada me falta do que possuía: o sonho

Orgulhoso, a alegria, o beijo suave...

Um turbilhão mais audaz me impele o sangue

- Era ainda pobre, ao esperar e defender-me,

E hoje que me dei todo, todo me tenho.