As Acrobacias das Condenações
Tanto faz correr como saltar. Os taliban foram depostos, o que é bom, do ponto de vista da tranquilidade mundial, na medida em que remeteu a uma defesa relegada para as montanhas ou a ataques intra-muros o que resta deles. Mas no mesmo Afeganistão, agora pretendidamente sob influência ocidental, continua a ser crime punível com a morte a conversão de qualquer nascido muçulmano ao Cristianismo. É o que acontece com o pobre Abdul Rahman. Mas onde se verifica o totalitarismo mais digno do nome é na alternativa para o não executarem - segundo um membro do Supremo Tribunal do País, a tese de que ele sofre de um problema psíquico. Faz lembrar outros totalitarismos, o Soviético, com os seus tristes internamentos dos oposicionistas em asilos de alienados, o Nacional-Socialista, que dava Hess e a sua missão como fruto das perturbações que sofreria e o Democrático, com Ezra Pound a ser dado como louco, para não arriscar o pescoço, ao menos até que o clima arrefecesse.
Engraçado foi ver o Ocidente reagir «pedindo ao governo de Kabul que fizesse tudo ao seu alcance para evitar a execução». Subitamente, as falinhas mansas onde era habitual ouvir o tonitruante banzé da exigência. Dois pesos e duas medidas. Como, imagino, a do Ministro Freitas, que capaz de ver nuns rabiscos ofensa de tomo, deve entender este caso como consequência do clima. Que pena que o homem não tenha chegado ao Catolicismo vindo da Religião de Maomé... Era enviá-lo para o Afeganistão, rapidamente e em força.
8 Comments:
At 5:55 PM, Anonymous said…
Freitas, sigue el ejemplo de Laila Freivalds......
At 6:09 PM, Paulo Cunha Porto said…
Estão mesmo a matar um para o outro...
Ab.
At 6:14 PM, Anonymous said…
É, a loucura desculpa muitas coisas...E, na perspectiva dos regimes citados, o que nós consideramos um subterfúgio hipócrita, não o é: de facto, só um louco se arriscaria a "pôr a cabeça no cepo" agindo contra a lei vigente (seja corânica, comunista, nacional-socialista ou outra do género)...
Já no caso de alguns (demais) dirigentes dos países ocidentais, trata-se, realmente, de pura hipocrisia, invocar, ou aceitar a invocação desta desculpa. Será este um dos casos em que os fins (salvar a vida a alguém) justificam os meios (abdicar de coluna vertebral)?
At 6:41 PM, Paulo Cunha Porto said…
Diz, Caro TSantos, "ou democrática"...
At 11:11 PM, Anonymous said…
Mundo do faz de conta, prefiro o dos blogos. Cumpts. :)
At 9:43 AM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Bic Laranja:
Outra realidade, virtual mas nossa!
Abraço.
At 10:42 AM, Anonymous said…
Exacto, democrática também. Mas aí a coisa é mais subtil...e não leva, normalmente, à morte física, a não ser por suicídio (às vezes acontece). Mas não sei se não será pior...Pelo menos, nos regimes "duros", as regras são claras: quem arrisca sabe com o que conta.
At 6:21 PM, Paulo Cunha Porto said…
«normalmente» advérbio virtupso, que a seguir à Guerra as democracias mostraram grande eficácia em pôr pescoços em perigo, não falando já desse prodígio de humanitarismo que foi o Terror institucional e institicionalizador do fim do Séc.XVIII...
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