Um Tema Excitante

Volta e meia lá surgem inquéritos sobre a sexualidade dos nossos dias. Sempre me fascinou, neste campo ainda mais do que noutros, a facilidade com que se reduz a um número um acervo de confissões íntimas. Mas alguns dos resultados que o «DN» publica são, de facto, surpreendentes: assim, o facto de haver uma diferença entre o número das Mulheres que «têm dificuldades no orgasmo» e o «daquelas que os homens detectam» cifrando-se em 8%. Com a infusão das referidas dificuldades que os filmes e as séries televisivas dos dias que correm produzem no espírito dos espectadores, o resultado do inquérito é um factor de tranquilização, temer-se ia uma cifra muito maior. Mas o reverso também está presente - ao mencionar que 58% das inquiridas que confessaram ter vivido um problema sexual «não o consideram relevante para o seu bem estar», não se conclui pelo óbvio, que seria a secundarização desse aspecto da vida. Invoca-se logo o espantalho da permanência do «tabu da sexualidade feminina». Ou seja, a peça está desmascarada: não se trata de um estudo sobre um mal estar feminino; é, isso sim, uma imposição do dito!