Os Furões?
Sobre o fundo da questão da legalização dos casamentos dos homossexuais pronuciar-me-ei na altura própria, caso os poderes públicos enveredem pela insensata ideia de avançar com mais uma questão de belicismo social. O que aqui me traz, hoje, é outra constante de mediocridade, qual seja o papel das juventudes partidárias, uma vez mais chamado à atenção pública, pela iniciativa da Juventude Socialista no sentido de suscitar a questão. As juventudes partidárias não deveriam existir. Não tenho a juventude em grande conta, penso-a e escrevi-o numa revista, como «um defeito que, felizmente, passa depressa». Mas prezo-a o suficiente para a desejar livre da conspurcação partidária. O facto de os Partidos criarem organizações juvenis significa apenas mais um passo na falta de vontade, que assim reiteram, de lhe conservar a pureza.
As duas razões invocadas são cada uma mais sinistra do que a outra. «Permitir aos jovens uma militância enquadrada» é esterilizar tudo o que de bom haja na liberdade de tomar opções independentemente de interesses e de disciplinas de comportamentos emanadas de orgãos colectivos, ou seja, de tudo o que fez com que os românticos idolatrassem a mocidade. «Treinar a classe política do futuro» é ainda pior, pois equivale a assumir a criação de um circuito fechado do poder, com a secundarização do concurso de pessoas descomprometidas com as mediocridades dos jogos que a ele levam - o que é absolutamente estigmatizado pelos realistas.
Então porquê? A perversa razão é bifronte. Os partidos, ao menos os de governo, pretendem, por um lado, desviar as verdes energias de oposições de rua que lhes são mais difícil controlar. E, pelo outro, permite fazer com que as suas entusiásticas bases imaturas avancem com os programas que agitam as convicções de séculos, não só para testar as águas e ver se vale a pena arriscar a propositura deles, como, igualmente, faculta uma pose de estado de borla, quando dêem como alternativa soluções mais moderadas. Aqui não há terceira via: os membros das juventudes partidárias ou são vistos como tontinhos, ou como furões.
As duas razões invocadas são cada uma mais sinistra do que a outra. «Permitir aos jovens uma militância enquadrada» é esterilizar tudo o que de bom haja na liberdade de tomar opções independentemente de interesses e de disciplinas de comportamentos emanadas de orgãos colectivos, ou seja, de tudo o que fez com que os românticos idolatrassem a mocidade. «Treinar a classe política do futuro» é ainda pior, pois equivale a assumir a criação de um circuito fechado do poder, com a secundarização do concurso de pessoas descomprometidas com as mediocridades dos jogos que a ele levam - o que é absolutamente estigmatizado pelos realistas.
Então porquê? A perversa razão é bifronte. Os partidos, ao menos os de governo, pretendem, por um lado, desviar as verdes energias de oposições de rua que lhes são mais difícil controlar. E, pelo outro, permite fazer com que as suas entusiásticas bases imaturas avancem com os programas que agitam as convicções de séculos, não só para testar as águas e ver se vale a pena arriscar a propositura deles, como, igualmente, faculta uma pose de estado de borla, quando dêem como alternativa soluções mais moderadas. Aqui não há terceira via: os membros das juventudes partidárias ou são vistos como tontinhos, ou como furões.
3 Comments:
At 3:36 PM, Zé Maria said…
Com mais ou menos nuances, estou perfeitamente de acordo com o que escreveu aqui.
E a jeito de mais uma achega: Embora, como o amigo Paulo afirma, "prezando-a o suficiente para a desejar livre da conspurcação partidária", a jeito de adenda, sempre digo que, às vezes, mais depressa se "vê" nas nossas Jotas o pior dos Partidos, do que o seu melhor.
Um muito Bom Fim de Semana
At 7:17 PM, Anonymous said…
Simpáticas metáforas politicas portuguesas: furoes, coelhos, fucinhos.....
At 8:24 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Viriato:
sabe que o que pode excepcionar a Juventude Nacionalista - como colectivo, o meu "post" não se destinava a apreciar os indivíduos - é que não está (ainda) inserta num partido de poder. Se lá chegarem, receio muito por Vós...
Caro Amigo de Espanha:
é um caso em que os furões não são amigos dos coelhos! Hihihihihi!
Meu Caro Zé Maria:
Plenamente de acordo, com a frase final: a prudência ainda não é, muitas vezes, suficiente para esconder a viciação da personalidade que sofreu erosões grupais; e o radicalismo da mensagem que fazem gala em trombetear ajuda a descobrir o negativo nos seus arautos.
Abraço a Todos e, claro, excelente descanso semanal, também para Vós
Post a Comment
<< Home