Leitura Matinal -261
O desejo de influenciar outros, seja pela educação, pela propaganda, ou pelos sentimentos, parte da noção de perigo
possível, numa tensa relação com a vontade de, ainda assim, arriscar, no sentido de operar a turbulência frutificante. A imagem da ventania, à qual superficialmente fomos poupados, pode embotar, então, toda a fracção volitiva que incita a actuar, apesar de acreditarmos ver, um pouco por todo o lado, a receptividade alheia. É que não temos já
a certeza de que, realmente, o nosso sopro seja capaz de operar alguma sementeira. O que liga o receio da tempestade a borrascas de outro género, tais como a da revolta contra as sementes que poderíamos ir deixando. Está, nesta amargura imobilizadora, perdida a confiança mínima no contributo extra-pessoal,
pois já não leva a melhor o conceito - todavia real na atitude, embora infirmável, pelos resultados - de preocupação pelo bem que supere a individualidade que nos calhou. Mas em época de crise, interior, como externa, há sempre dúvida quanto à qualidade das forças que se pode soltar. O que, embora qualificável de egoísmo, revela algo bem digno de estima: uma diferente mas estimável concepção do "Cuidado".
De Wanda Ramos:
afinal nunca o vento semeia tempestades
pois deixa-nos remanso cansado em cidade
esta só aparentemente varrida lufada.
restamos intranquilos por isso mesmo.
quem ousa exercícios divinatórios
de telhas brevemente destelhadas
de gente em breve por si pensante
como se o vento fosse apto e pervertesse?
invertesse convertesse subvertesse vertesse?
quem ousa de vento ser? quem nós?
sem casca em que lamento quedamos?
como casco em que doridas procelas?
como que vento por que ambíguas portas travessas?
como que cidade de unívoca música?
que nunca o vento é bem nem mal enquanto país.
que nunca o vento é vento enquanto apenas nós.
Enfeitado com: «Vulnerabilidade», de Dana Jung-Munson,
«O Arrojo-Real Cuidado», de Vycktorya e «Tempestade
Interior», de Emily Meek.
possível, numa tensa relação com a vontade de, ainda assim, arriscar, no sentido de operar a turbulência frutificante. A imagem da ventania, à qual superficialmente fomos poupados, pode embotar, então, toda a fracção volitiva que incita a actuar, apesar de acreditarmos ver, um pouco por todo o lado, a receptividade alheia. É que não temos já
a certeza de que, realmente, o nosso sopro seja capaz de operar alguma sementeira. O que liga o receio da tempestade a borrascas de outro género, tais como a da revolta contra as sementes que poderíamos ir deixando. Está, nesta amargura imobilizadora, perdida a confiança mínima no contributo extra-pessoal,
pois já não leva a melhor o conceito - todavia real na atitude, embora infirmável, pelos resultados - de preocupação pelo bem que supere a individualidade que nos calhou. Mas em época de crise, interior, como externa, há sempre dúvida quanto à qualidade das forças que se pode soltar. O que, embora qualificável de egoísmo, revela algo bem digno de estima: uma diferente mas estimável concepção do "Cuidado".
De Wanda Ramos:
afinal nunca o vento semeia tempestades
pois deixa-nos remanso cansado em cidade
esta só aparentemente varrida lufada.
restamos intranquilos por isso mesmo.
quem ousa exercícios divinatórios
de telhas brevemente destelhadas
de gente em breve por si pensante
como se o vento fosse apto e pervertesse?
invertesse convertesse subvertesse vertesse?
quem ousa de vento ser? quem nós?
sem casca em que lamento quedamos?
como casco em que doridas procelas?
como que vento por que ambíguas portas travessas?
como que cidade de unívoca música?
que nunca o vento é bem nem mal enquanto país.
que nunca o vento é vento enquanto apenas nós.
Enfeitado com: «Vulnerabilidade», de Dana Jung-Munson,
«O Arrojo-Real Cuidado», de Vycktorya e «Tempestade
Interior», de Emily Meek.
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