O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Monday, February 13, 2006

Ingenuidades

João Luís César das Neves insiste, no seu artigo de opinião no «DN» de hoje em repisar uma tecla que já não aguenta mais ser tocada e em levantar um velho lebrão que dormitava na sua toca, tudo a propósito da já saturante mas ainda dominante questão dos conflitos que ameaçam o Ocidente. A primeira situação brota ainda dos desenhos dinamarqueses, ao considerar que os autores e os defensores da liberdade de eles os publicarem são aqueles «para quem a liberdade é mais sagrada que Deus e estão dispostos a incendiar o mundo pelo direito à caricatura». A caricatura não inventou coisa alguma, nem resolveu começar a matar a esmo. Pintou uma situação reconhecível que já vai ceifando imensas vítimas inocentes. E só pecou por não esclarecer que dava a sua visão da concepção religiosa dos terroristas, permitindo assim interpretações que estendessem o terrorismo a uma convicção da generalidade dos maometanos.
A segunda argumentação firma-se sobre o "fim do horror à guerra". Esse horror sempre existiu, tendo-se apenas massificado com as duas guerras mundiais. Mas também coexistiu sempre com os conflitos. A fracção islamita que odeia os estilos de vida alheios sempre quis atacar os inimigos que elege. Não o fez durante a Guerra Fria, porque hesitava entre qual dos dois antagonistas que se perfilavam era o mais urgente adversário do Islão. Entre o ateísmo impositivo do comunismo e o ateísmo intrusivo do consumismo, do ponto de vista deles, que viesse o Diabo e escolhesse. O Diabo veio, realmente. Mas chamava-se paralisia, pelo que os fundamentalismos não encontravam saída e os regimes alinhavam por um ou outro bloco, conforme se estava no Afeganistão e na antiga Índia Britânica, ou no sempre presente problema Israelo-Árabe. É grande inocência pensar que se pode pôr cobro aos conflitos . A propósito do pacto Briand-Kellog, Maurras lembrava que ele «não tinha posto a guerra fora da lei, apenas a tinha colocado fora do direito». O que se pode e deve é fazer o que sempre se fez: negociar quando é possível, lutar quando o não é. E não desistir, com entregas que representam o abandono da cabeça ao algoz. A Diplomacia e os Militares têm a sua razão de ser. Porque acabar com a guerra, desgraçadamente, só quando se acabar com a Humanidade. O que é capaz de já ter estado mais longe.

2 Comments:

  • At 10:57 AM, Blogger MRA said…

    E como podes estar tão perto da verdade...como podes estar tão perto...abraços em tempos agrestes!

     
  • At 10:59 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Obrigado Amigão, é bem de temê-lo.
    Abraço.

     

Post a Comment

<< Home

 
">
BuyCheap
      Viagra Online From An Online pharmacy
Viagra