Cartoons Recomendáveis
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A recondução da abordagem dos cartoons dinamarqueses a uma controvérsia sobre a liberdade de expressão é compreensível, mas pouco estimável, na medida em que assesta baterias sobre as faculdades legalmente outorgadas ao indivíduo, ténue ideia do que seja a Liberdade. Discutir os fundamentos éticos de uma questão que só deveria merecer debate no seu aspecto de aplicação, por juristas, demonstra bem o quão nublado está o horizonte da especulação ocidental. A meu ver, esta deveria incidir, como tenho procurado fazer, sobre a correspondência dos mecanismos de generalização. Assim, se a bomba, como turbante de Maomé, carece de validade para descrever a imputabilidade de uma conduta ao Mundo Islâmico, encontra-se sobejamente qualificada para satirizar o comportamento dos radicais que apelam à eliminação dos inimigos que apenas eles declaram. O que reduz a questão a um problema de legendagem. O desenho que se reproduz, pelo seu lado, daria a cada um aquilo que é seu, ao identificar o leader da Al Qaeda como Autor da ameaça que pode tocar a qualquer de nós, sem abstractizar ou colectivizar responsabilidades. O facto de remeter, quase expressamente, para anteriores figurações do Tio Sam, com proximidade manifesta à propaganda de guerra de Lord Kitchner, constitui, a um tempo, a sua grandeza e a sua limitação. Tudo somado, aceitar discutir a questão como abuso ou não dos direitos da Imprensa é, só por si, uma cedência ao inimigo. Como o são todas as alterações das nossas rotinas para satisfazer a cultura de imigrados, como alerta Max Gallo, em texto que o Nosso Caro Comentador de Espanha nos permitiu conhecer.
5 Comments:
At 7:49 PM, Anonymous said…
Gallo, galo y simpático....rara avis....!
At 8:13 PM, Paulo Cunha Porto said…
Hihihihihihi!
"Avis Rara", sem dúvida. Gostaria de fazer, alguma vez, um ensaio sobre alguns dos heterodoxos franceses contemporâneos.
Ab.
At 8:36 PM, Anonymous said…
El hecho que, en su juventud, Gallo fuera hispanista ha dejado huella....positiva.....
At 8:45 PM, Paulo Cunha Porto said…
Hihihihi! Mas não há como contradizer. O Gosto revela os Homens.
At 11:55 AM, Anonymous said…
Numa parte concordo consigo. Básicamente a escolha do tema dos cartoons deveria apontar para alguém em concreto e não sobre uma figura mítica que é tida com sagrada, dando assim um sentimento de ofensa generalizada.
A atitude de pedir desculpas públicas é totalmente idiota, pois demonstra um insuportável estado de fraqueza.
Por outro lado, acho que a discussão se deveria situar mais no plano ético, do que no plano político e jurídico, pois estes últimos são os que permitem os aproveitamentos políticos feitos por extremistas de ambos os lados.
No plano ético é que deveremos fazer um exame de consciência e perguntar até que ponto deveremos ou não ofender o sagrado. Não se trata de proibir, mas sim de refletir.
Um abraço.
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