A Tirania da Imagem

As audições do Senado Norte-Americano para a confirmação do nomeado Juiz Alito para o Supremo Tribunal evidenciou muitas das condicionantes do sistema eleiçoeiro. Os Senadores Democratas do Comitê Judiciário, bastantes deles radicais, estavam mortinhos por poderem desencadear uma oposição mais tenaz no plenário. Porém, o cuidado com a própria imagem acabou por traí-los. Alguns, que se têm na conta de presidenciáveis, como Biden, usaram o tempo que tinham mais para falar do que para fazer perguntas. E os que se arvoraram em inquisidores, como Kennedy, foram aconselhados pelos colegas a moderar o tom, por uma razão incrível: ao insinuar que o "examinado" tinha integrado um grupo da Universidade de Princeton oposto à affirmative action em prol das minorias, a Mulher do inquirido começou a chorar. E logo vieram os conselheiros pedir-lhe que aligeirasse o tom, pois a Senhora tinha ganho a simpatia dos americanos e ele estava a prejudicar a imagem do partido.

Aliás, tudo o que os Democratas pareciam esperar deste teste era uma quebra na imagem do jurista que, nas sondagens, é dado como digno da promoção pelo eleitorado mais atento: A qual só poderia vir de um acidente - ou uma gaffe, ou a perda da calma. Começo a perceber um pouco a revolta de meses atrás, por parte da Direita Republicana contra o Presidente. Perante adversários tão manietados, Miers parecia-lhes muito pouco...