O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, January 20, 2006

Maria Shakespeare

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Carta Aberta ao João Villalobos:

Meu Caro João:

Tenho já de confessar as minhas culpas. Comentei, o melhor que sabia e podia, um belo texto Teu, nos «Prazeres Minúsculos» e fui desmascarado pela nossa Amiga Maria. Diz ela que a popularidade que a tua escrita está a atingir entre o «Mulherio da INTERNET» vai despertando ciumeira minha. Venho confessar o meu crime e penitenciar-me publicamente. É verdade! «A ira me agita, a indignação me sufoca e a fúria me atormenta», como diria o Mouro de Veneza, na imagem protagonizado pelo enorme Orson Welles. Estás a ver o filme: eu, como Otelo, as Tuas Fãs, compreensivelmente, como Desdémona, Tu, nas vezes de Cássio e, claro, A NOSSA AMIGA MARIA, travestida, NO PAPEL DO VENENOSO IAGO. Mas é mais que certo, a pele ficou verde e estou completamente roído. E porquê? Porque me atrevi a não observar um mandamento tão imperativo como os outros Dez: "Nunca te atrevas a escrever algo que transborde da unanimidade poética e afectiva que as Leitoras querem ver num texto. Tivesse eu falado só no Sol e na fecundação que em Ti operou, estaríamos, provavelmente, perante um génio interpretativo. Falasse o pobre misantropo as primícias osculatórias
entre o Narrador e a Rapariga do texto, era uma comovedora chamada de atenção para o enternecimento do que se quer inesquecível. Como lembrei que eram três os protagonistas desses transes namoradeiros de abertura, passo a ser um monstro de despeito.
Peço-Te pois perdão e a todas as Leitoras, Caro Amigo. Como o grande general da Sereníssima, também este pobre comentador sabe que não pode, perante a vigilância de tais Guardas, ter um final feliz. Quando tudo o que pretendia era alimentar e alimentar-me (d)o Vosso e (d)o meu voyeurismes. Mas afinal eram ciúmes.
Sem hardfeelings, um abraço amigo.
P

6 Comments:

  • At 10:09 PM, Blogger Jansenista said…

    Mais tribulações do Atrabiliário Apaixonado, o sempiterno Alceste...

     
  • At 10:29 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Oh Doppelganger do Koeningsberguiano:
    Neste caso, Apaixonado por quem, salvo pela Verdade? Simplesmente Maria, Essa sim pelo Sol caída, tanto quanto pelo virtuosismo estilístico do J.V., não me perdoou a evocação co Seu Mais Que Tudo ao nível dos suores e doutras secreções.

     
  • At 12:46 AM, Blogger João Villalobos said…

    Francamente, que exagero! Os teus comentários são e serão sempre bem vindos no Prazeres. E, aqui entre nós, «grávido de sol» foi uma imagem de algum mau gosto, como bem observou o meu camarada Luís Naves...
    Não entendo a penitência, ainda para mais num dia em que me baldei a um almoço combinado.
    1 abraço grande e abaixo o unanimismo!

     
  • At 8:24 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Caríssimo João:
    Primo: a tua imagem do Sol era rica, colorida e quente. O resto dirás Tu...
    Secondo: Só quis prestar homenagem à perspicácia da nossa Maria. Terei todo o gosto em continuar a comentar os «Prazeres...», embora esteja a equacionar, sempre que lá encontre comentários femininos, mudar da identidade misantrópica para "ciumento"...

     
  • At 7:01 PM, Blogger Maria Carvalhosa said…

    Amigo Paulo,
    Sinceramente, não me parece que uma bem-disposta brincadeira merecesse tão longo e inflamado discurso da tua parte! Bastou-me piscar o olho ao João, para desanuviar dos excessos (?)sentimentais que alguns dos seus textos provocam, (por parte do público feminino, pois é claro), para me ver transformada, por ti, no pérfido Iago.
    Ai, Otelo!...
    Brinquemos, pois, que o sol continua por aí (na gravidez de alguém, eventualmente!;) e não temos, nesta nossa terra, muito mais para glorificar.
    Beijos.

     
  • At 7:19 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Querida Maria:
    Hihihihi! Depois de ser chamado ciumento que querias?
    Beijinhos.

     

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