Leitura Matinal -230
Estará condenada a procura da elevação à esterilização do desejo? A orientação racionalizante terá por força de apagar a espontaneidade que permite querer,
alimentada braviamente da fogosidade e do mistério sem as disciplinas impostas pelo intelecto? É o conflito entre dois mundos interiores que se pretendem antagónicos que gera a incomodidade de muitos com as próprias personalidades. Quando encontram em si o prestigioso e absorvente calor das paixões tentam dar-se dimensão maior, enquadrando-as no pensamennto sistemático.
Ao atingirem esse estado de ensimesmamento que acaba por ser a reflexão excessiva, lamentam a chama extinta e a perda do que era tido outrora por vulgar e que era simplesmente consequência da parcela de humanidade que lhes cabia. Porque nunca convém esquecer que há duas distâncias: aquela para onde podemos olhar e que é passível de ser ambicionada; e a que nos afasta de tudo e alheia da esfera volitiva.
Voltas e mais voltas, desmunidos do fio que indique a saída.
De Francis Picaba, na tradução espanhola de Mauro Armiño
em que a encontrei:
LABERINTO
La voluntad espera constantemente
un deseo que no encontra.
La palabra alto apasiona la ausencia
de chocarrería.
Una cicatriz hacia la noche
profana la reflexion.
Sólo queda ya distancia
incrédula.
Se me hace sufrir
porque conozco la indiferencia.
Banalidades embarcadas sin cesar
sobre si mesmas.
Los horizontes atraen los ojos
de nuestros sentimientos.
E vão: «Avenida da Indiferença», de Kahina
e «Beyond Desire», de Gonzalez Fernandez.
alimentada braviamente da fogosidade e do mistério sem as disciplinas impostas pelo intelecto? É o conflito entre dois mundos interiores que se pretendem antagónicos que gera a incomodidade de muitos com as próprias personalidades. Quando encontram em si o prestigioso e absorvente calor das paixões tentam dar-se dimensão maior, enquadrando-as no pensamennto sistemático.
Ao atingirem esse estado de ensimesmamento que acaba por ser a reflexão excessiva, lamentam a chama extinta e a perda do que era tido outrora por vulgar e que era simplesmente consequência da parcela de humanidade que lhes cabia. Porque nunca convém esquecer que há duas distâncias: aquela para onde podemos olhar e que é passível de ser ambicionada; e a que nos afasta de tudo e alheia da esfera volitiva.
Voltas e mais voltas, desmunidos do fio que indique a saída.
De Francis Picaba, na tradução espanhola de Mauro Armiño
em que a encontrei:
LABERINTO
La voluntad espera constantemente
un deseo que no encontra.
La palabra alto apasiona la ausencia
de chocarrería.
Una cicatriz hacia la noche
profana la reflexion.
Sólo queda ya distancia
incrédula.
Se me hace sufrir
porque conozco la indiferencia.
Banalidades embarcadas sin cesar
sobre si mesmas.
Los horizontes atraen los ojos
de nuestros sentimientos.
E vão: «Avenida da Indiferença», de Kahina
e «Beyond Desire», de Gonzalez Fernandez.
2 Comments:
At 9:27 PM, Viajante said…
No mínimo, duas distâncias :)
ou melhor, duas, em pólos bem divergentes. Mais as que estão no meio, entre eles.
"Estará condenada a procura da elevação à esterilização do desejo?" espero que não, desejo que não. Mas uma das questões eventualmente inclusíveis (nem sei se a palavra existe!) é se estará a procura de elevação condenada à disjunção. Ou nem por isso.
Ainda que em muitas situações, a orientação do pensar funcione como cascata de água para algumas chamas...
beijos entre as voltas.
At 9:22 AM, Paulo Cunha Porto said…
Senhora dos Labirintos:
Entre as voltas retribuídos.
É nesse maléfico emprego do pensamento que reside o perigo. Mas Quem sabe, sabe. E pode bem operar o milagre de, para as chamas certas, transformar as extintoras cataratas em jorros de gasolina...
Post a Comment
<< Home