Leitura Matinal -226
Por que razão não é a Passagem do Ano a altura própria para as introspecções desgostosas e desgostantes, salvo nuns poucos indivíduos
desconformes com o espírito da data, eternos desmancha-prazeres? E no entanto, um olhar lúcido poderá desdenhar o carácter forçado das efusões do instante, como ter presente as contínuas agressões à felicidade que pairam e não param. Será então suficiente para que desliguemos da roda de festa que nos quer envolver, estragando a vaga de contentamento em volta? Creio poder e dever compatibilizar as duas coisas: formulando o desejo irrealista, mas por isso mesmo digno, de que o que aí vem seja melhor do que o que passou.
Não se trata da ingénua e optimista crença na possibilidade do que se quer. É sim, com os óculos coloridos que no caso são as bebidas espirituosas, de não perder o espírito, justamente, ao ponto de abdicarmos de navegar agarrados às palavras a que já tantos não podem chegar, vitimados pela dor, na qual também nós não estamos isentos de, um dia, nos vermos submersos.
De Nicholas Gordon:
Happiness depends on more than years
All one´s moments gather to a wave
Passing in a rolling swell of tears,
Passions too immense to name or save.
Yet New Year´s is a crest on which to sing,
Now poised between the future and the past.
Each awaits what course the fates may bring,
Winds that never touch the things that last.
Years turn and turn with hypnotic grace
Even as the dephts of life lie still.
Although above one cannot silence face,
Remember that below the divers will.
A Kurt Seligmann se deve «Saudação do Ano Novo
com Figura Surrealista».
Jill Barton pintou «Um Bom Ano».
desconformes com o espírito da data, eternos desmancha-prazeres? E no entanto, um olhar lúcido poderá desdenhar o carácter forçado das efusões do instante, como ter presente as contínuas agressões à felicidade que pairam e não param. Será então suficiente para que desliguemos da roda de festa que nos quer envolver, estragando a vaga de contentamento em volta? Creio poder e dever compatibilizar as duas coisas: formulando o desejo irrealista, mas por isso mesmo digno, de que o que aí vem seja melhor do que o que passou.
Não se trata da ingénua e optimista crença na possibilidade do que se quer. É sim, com os óculos coloridos que no caso são as bebidas espirituosas, de não perder o espírito, justamente, ao ponto de abdicarmos de navegar agarrados às palavras a que já tantos não podem chegar, vitimados pela dor, na qual também nós não estamos isentos de, um dia, nos vermos submersos.
De Nicholas Gordon:
Happiness depends on more than years
All one´s moments gather to a wave
Passing in a rolling swell of tears,
Passions too immense to name or save.
Yet New Year´s is a crest on which to sing,
Now poised between the future and the past.
Each awaits what course the fates may bring,
Winds that never touch the things that last.
Years turn and turn with hypnotic grace
Even as the dephts of life lie still.
Although above one cannot silence face,
Remember that below the divers will.
A Kurt Seligmann se deve «Saudação do Ano Novo
com Figura Surrealista».
Jill Barton pintou «Um Bom Ano».
4 Comments:
At 1:37 PM, Anonymous said…
Meu caro, você ainda se levantou mais cedo do que o Manuel Azinhal, hoje, dia de Ano Novo! e já agora... Bom Ano Novo!
At 1:48 PM, Paulo Cunha Porto said…
Também para o Caro Eurico. Mas olhe que bem me custou. Estava bebido demais e até a gata ficou pasmada de ver a minha renitência em largar a cama.
Abraço muito amigo.
At 10:19 PM, Anonymous said…
Eu bebi pouco porque fui passar o ano em casa de amigos no Estoril, aó ao pé de si, e vim a guiar de volta com todo o cuidado, porque não só chovia como andava tudo na bisga na Marginal e em Lisboa, cheia de gente no meio da rua à procura de táxis ou com os copos. Sinistro! Os portugueses são um povo de inconscientes e é em alturas de festas como o Ano Novo que se tem melhor noção disto.
At 9:29 AM, Paulo Cunha Porto said…
Pois eu passei tembém com Amigos, mas a dois passos cá de casa. Pelo que ainda devemos ter estado bem próximos, para além do sentido de proximidade que a Internet disponibiliza.
Somos mais do que bárbaros. O Sven Goran Eriksson, certa vez, justificava a compra de uma casa cá com o facto de adorar o clima, a comida e as gentes. O jornalista, já cansado de ouvir dizer tanto bem, pediu-lhe para nomear uma coisa de que não gostasse em Portugal. E a resposta veio, pronta: «do trânsito».
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