Faltou-lhe um Bocadinho Assim
É sabido que, tudo somado, não tenho má opinião de Tony Blair.
Mas tenho péssima no que respeita à sua irresistível e contínua
rendição à propaganda barata. Talvez por gratidão, já que foi ela
que lhe permitiu chegar ao poder, volta e meia lá torna ele à carga,
na tentativa de se humanizar aos olhos dos eleitores. Por vezes
a coisa sai-lhe mal. Quem não se lembra de quando, após um triunfo
eleitoral, pôs a mulher descalça e com um sono manifestamente
encenado, a receber as matinais flores que eram oferecidas, pela
vitória, ao casal? Essas e outras levaram a que Cheri seja hoje a
figura pública feminina mais detestada no Reino Unido, quando
pareceria que a liderança de Camila era difícil de colocar em perigo.
Desta feita abriu as portas do Nº10 de Downing Street, para mostrar
como a vida de P-M é stressante. Não creio que o expediente renda.
Os eleitores tendem a aderir emocionalmente e a apiedar-se dos
políticos antes de eles entrarem para o governo, porque ninguém
gosta de sentir pena dos poderosos. Acresce que o Leader trabalhista
já gastou o capital de humanidade e simpatia que os britânicos nele
haviam investido. As reeleições deveram-se ao acerto governativo
na esfera económica, não ao amor dos seus compatriotas.
Por que será, então que um político sagaz não viu isso e veio bater
na mesma tecla? É simples, porque verificou que o chefe da oposição,
Cameron, está a fazer as incursões na adesão sentimental de que
foram incapazes os seus predecessores. E vai daí, como disse o outro,
embora noutro sentido, toca a infirmar a ideia posta a correr de que
o tory tenha o monopólio do coração. E a exibir a sua «fragilidade»,
dentro dos corredores de que a burocracia é o cão de guarda. Tem,
contudo, pela frente, um contra. O Conservador é mais novo. E quer
a superstição do tempo que só na juventude haja humanidade e só
ela seja credora de afecto.
Terá passado o seu tempo, Mr. Blair?
Mas tenho péssima no que respeita à sua irresistível e contínua
rendição à propaganda barata. Talvez por gratidão, já que foi ela
que lhe permitiu chegar ao poder, volta e meia lá torna ele à carga,
na tentativa de se humanizar aos olhos dos eleitores. Por vezes
a coisa sai-lhe mal. Quem não se lembra de quando, após um triunfo
eleitoral, pôs a mulher descalça e com um sono manifestamente
encenado, a receber as matinais flores que eram oferecidas, pela
vitória, ao casal? Essas e outras levaram a que Cheri seja hoje a
figura pública feminina mais detestada no Reino Unido, quando
pareceria que a liderança de Camila era difícil de colocar em perigo.
Desta feita abriu as portas do Nº10 de Downing Street, para mostrar
como a vida de P-M é stressante. Não creio que o expediente renda.
Os eleitores tendem a aderir emocionalmente e a apiedar-se dos
políticos antes de eles entrarem para o governo, porque ninguém
gosta de sentir pena dos poderosos. Acresce que o Leader trabalhista
já gastou o capital de humanidade e simpatia que os britânicos nele
haviam investido. As reeleições deveram-se ao acerto governativo
na esfera económica, não ao amor dos seus compatriotas.
Por que será, então que um político sagaz não viu isso e veio bater
na mesma tecla? É simples, porque verificou que o chefe da oposição,
Cameron, está a fazer as incursões na adesão sentimental de que
foram incapazes os seus predecessores. E vai daí, como disse o outro,
embora noutro sentido, toca a infirmar a ideia posta a correr de que
o tory tenha o monopólio do coração. E a exibir a sua «fragilidade»,
dentro dos corredores de que a burocracia é o cão de guarda. Tem,
contudo, pela frente, um contra. O Conservador é mais novo. E quer
a superstição do tempo que só na juventude haja humanidade e só
ela seja credora de afecto.
Terá passado o seu tempo, Mr. Blair?
2 Comments:
At 2:10 PM, João Villalobos said…
Excelente post, com acutilante poder observador :)
Acho que, de facto, os spin doctors de Blair não andam a ver bem o filme.
At 6:23 PM, Paulo Cunha Porto said…
E devem estar um bocado preocupados, pensando em como reciclar-se para, de imediato "venderem" Brown. Mas isso fica para uma próxima.
Abraço.
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