Da Humilhação nos Julgamentos

Sabe-se como os vários sistemas políticos e judiciais adoptam formas de condicionar a aparência dos presos sujeitos a julgamento. A Alemanha Nacional-Socialista obrigou os inculpados do atentado contra Hitler a apresentarem-se segurando calças largas demais, sem cintos, botões ou suspensórios, o que foi, sob o pretexto de impedir suicídios, parcialmente retomado em Nuremberg. Na China apresentam-nos com roupas esfarrapadas. Em vários outros países asiáticos, descalços e acorrentados. A prevenção da fuga legitimou o uso de jaulas, em vários países. Nos EUA faz parte do dia a dia rapar os crâneos, ou apresentá-los em uniformes prisionais característicos de crimes mais reprovados que o da acusação, como a professora encarcerada por ter tido uma relação com um aluno menor, obrigada a usar a farda das infanticidas! Mas o Chile descobriu uma forma de achincalhar diferente: ainda durante a investigação, apreender os livros do antigo Presidente Pinochet, «para averiguar a origem do dinheiro com que foram comprados. Como se a posse dos livros desse alguma informação que a sua mera listagem e descrição não proporcionasse! Para quem, como eu, acredita que um homem é, em grande parte, o conjunto das leituras que escolhe, esté é o paroxismo do acinte em abater a imagem.