Publicidade Institucional

Sabem os meus Amigos da Linha de Cascais - e os que o não
sendo, por cá vêm regularmente - que nenhum Bolo Rei do
País é minimamente comparável ao da Pastelaria Garrett,
no Estoril. Não se trata de publicidade a uma casa comercial,
já que de uma verdadeira instituição de trata. Aquela massa...
Alguns críticos, como o meu Pai, ou o meu falecido Tio, diziam
que, de tão fofa, não pertencia à ortodoxia do Bolo Rei, que
estaria, antes, mais próxima da arrufada. Deixá-lo. Se assim for,
eu gosto é da dita.
Há uma mitologia semelhante, entre os habitantes de Lisboa,
acerca da mesma especialidade, fabricada pela casa Califa, de
Benfica. Já a provei e é muito boa. Mas continuo na minha: a
da Garrett é que é.
Todos os anos tenho cumprido o masoquístico ritual da matina
de espera, na fila, em Véspera Natalícia. Duas horas e meia,
quando não três, é a média. No ano passado bati o record:
cheguei às 7.00H e despachei-me às 13.15H, tendo lido um
livrito, de pé, entretanto. Mas sempre recusei encomendar,
que me parecia hábito burguês, incompatível com o frio
desconforto da Sagrada Manjedoura.
Hoje armei-me em espertalhaço. Levantei-me às 05.30H.
Antes ainda do banho, correndo o risco de afugentar os
empregados com a intensidade do odor, lá compareci, às Seis
da manhã. E qual não foi o meu espanto ao descobrir que há
poucos loucos no Mundo! Apenas três(!) pessoas à minha
frente. Despachei-me num ápice!
Ainda tive tempo de reflectir na palermice republicana de
1910-1911, que pretendia mudar o nome do doce para
"Bolo Nacional". Claro que teria sido provisória vigência.
Hoje estaria redenominado como "Bolo de Abril", ou qualquer
coisa que o valha.
Eis um Natal que começa bem. E a iguaria já cá canta.