Ao Contrário da Lógica

Com o novo sistema radical de justiça islâmica introduzido na
região indonésia de Aceh, surgiu, na pessoa de um magistrado,
de nome Marluddin Jalil, o fanático-mor de serviço. A última do
homem é a tentativa de convencer o mundo de que a devastação
causada na sua ilha pelo grande Tsunami de há algum tempo, foi
um castigo de Deus pelos pecados das Mulheres que a habitam,
já que Alcorão dixit «Quando as Mulheres são boas o Povo é bom»
e, evidentemente, as causas naturais não são dignas de ser levadas
em linha de conta.
O mesmo facínora tem uma obcessão com o cabelo feminino. De tal
modo que organizou uns pelotões de guardiães da Lei, cuja principal
função é apanharem os elementos do que ali é, de facto, o Sexo Fraco
sem terem a cabeça coberta. Após deterem essas tenebrosas
prevaricadoras, rapam-lhes os crâneos e conduzem-nas em alegres
paradas às praças públicas para escutarem as injúrias da multidão.
Nada disto é novo, Sempre que há uma catástrofe, seja o Terramoto
de 1755, seja o furacão Katrina na versão Al-Qaeda, virão sempre
os hiper-religiosos com as explicações de «castigos divinos». E ainda
menos de estranhar é que se continue a abusar dos indefesos. O
que me faz espécie neste peculiar moralista é o total ilogismo do
seu sistema. Se Deus trata da saúde, com inundações, aos criminosos,
não se vê como possa um juiz, muito secundário quando comparado
com Aquele, achar que devem ser punidas infracções que a Divindade
"deixou passar". Já se conhecia a expressão «ser mais papista do que
o Papa». Que escalada dele teremos que cunhar para o presente
caso?