O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, November 03, 2005

Um Mês

Tivesse eu o talento do Miguel Castelo-Branco e teria
antecipado muito do que ele escreveu em Combustões, sobre a
violência protagonizada por elementos de algumas comunidades
imigradas de Paris. O que importa hoje comentar é a reacção
do Sr. Chirac. Após a sétima noite de violência, julgam que
se pôs, como qualquer chefe que se prezasse, ao lado do seu
ministro que se empenhou no combate sem tréguas à contestação?
Qual quê, certamente esfregando as mãos por ver um rival numa
situação delicada, deu um mês ao Primeiro-Ministro, de Villepin,
para que apresentasse um pacote de medidas visando promover a
integração das colectividades em ebulição. Um mês para se fazer
o que não foi feito em duas décadas! Mas a jogada é outra. Ao
passar, assim, a pasta, exibe uma preocupação com a violência
emergente que marque uns pontitos junto do eleitorado, sem ter
nada a perder. Se, por milagre, a resposta vier e resultar, o
mérito dela será atribuível à iniciativa presidencial. Se não
acontecer assim, haverá motivo para queimar o actual Premier,
que anda razoavelmente nas sondagens. E o matreiro politicão
não se fia em fidelidades, pois está escaldado de Balladurs.
Quanto à questão estrutural, nunca poderá haver integração
enquanto subsistirem ghettos com especificidades culturais
afastadas das do País de acolhimento. Albergando culturas
estranhas, só há um remédio capaz de prevenir as tensões:
espalhar os potenciais focos de violência, de forma a que
se não criem ilhas que fortaleçam os impulsos de dissenção.
É que, para além de o estofo para tais comportamentos estar
dependente do número, a maior parte da coesão e persistência
culturais antagónicas das da restante sociedade precisam da
aglomeração para sobreviver.

4 Comments:

  • At 1:32 PM, Anonymous Anonymous said…

    Caro Paulo Cunha Porto
    Esta é a questão das questões do tempo presente. Nós também a temos ou viremos a ter. Se não tomarmos medidas, vai ser bonito. Simplesmente não há ninguém para tomar essas medidas. O que existe é gente do calibre desse Chirac, que Você descreveu muitíssimo bem.
    Nós, monárquicos, saberíamos encontrar um caminho.
    Um abraço.
    JSM (Interregno)

     
  • At 2:26 PM, Anonymous Anonymous said…

    Caro Paulo Cunha Porto
    Fico-lhe grato pelos elogios imerecidos. Escrevi-o com grande reserva, pois não é de meu timbre catalogar inimigos colectivos. Como não faço política, não tenho/temos de pagar o tributo à demagogia, mas esta situação está a atingir as raias do absurdo. Michel Winnock disse há dias que a França está como em 1788: à beira de uma revolução. Atrever-me-ia dizer que não é só a França. É toda a Europa.
    Um abraço
    Miguel C. Branco

     
  • At 9:39 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Meu Caro Moguel Castelo-Branco:
    Também nesse ponto concordo, a condenação deve ser reservada a culpas pessoais, que não a tipificações grupais. Mas este caso é diferente, ao configurar uma guerra aberta que passa agora por uma escalada, com os contestatários a abrirem fogo sobre a polícia.
    Ao JSM.
    duplamente. Quer por achar que a Figura Real seria mais propícia a ser entendida e respeitada pelas comunidades emigradas, quer por acreditar que um governo tradicionalista estaria mais apto a promover políticas que escapassem a confecções internacionais, como a proteger o que dos valores perenes da cultura pátria resta.
    Abraços aos Dois.

     
  • At 3:18 PM, Anonymous Anonymous said…

    «Liberdade, Igualdade e Fraternidade», em todo o seu esplendor...!

     

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