O Hábito e o Monge
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O «PÚBLICO» de ontem elucidava-nos acerca de um perigo que espreita os turistas, na Tailândia: o de travestis locais, imitando na perfeição o sexo oposto, roubarem os incautos estrangeiros, através de um complicado esquema que envolve beijos com o upgrade dos jogos de língua, via pela qual introduziriam no organismo do pato uma cápsula que o anestesiasse e facilitasse o latrocínio. Da perfeição desses imitadores do Belo Sexo no antigo Sião já tenho notócia por antigo colega, que, na viagem de finalistas, desvendou uma dessas situações quase in extremis. Mas interessa agora é focar, de fugida, o facto de tantos homens de gostarem de vestir de mulher.
"Travestismo" foi termo inventado, já no Séc. XX, por Magnus Hirshfeld e tem manifestações tão diversas, como a dos foliões carnavalescos, casos como o do realizador ED Wood Jr., que precisava de vestir toupa interior feminina para obter prazer sexual, com mulheres, no entanto, ou, diz-se, do patrão do FBI, Edgar J. Hoover, e dos seus protegidos, os quais também gostavam de trajar da mesma forma, mas com o instinto sexual direccionado para outras bandas.
Entretanto, há uma associação das pessoas que gostam de envergar vestuário do género oposto, a «Beaumont Society». É uma tentativa dessa prática se arrogar títulos de nobreza, como acontece com os adeptos da pederastia com a Grécia Antiga, ou os revolucionários ingleses das duas convulsões seiscentistas com a «Magna Carta», bem como sucessores seus, tais como Mirabeau e Garrett, com a edificação política anterior ao absolutismo. A designação provém de Lia de Beaumont, o nome adoptado pelo agente de Luís XV, Cavaleiro D´Eon, para penetrar na Corte Imperial Russa da czarina Elisabeta Petrovna, a que o acesso masculino tinha sido restringido. Já antes o dito aventureiro enganara Mme. de Pompadour, com idêntico expediente, gerando a fama de ser impossível determinar se era macho ou fémea. Mais tarde, o Rei enviou-o à Corte Inglesa, onde, voltando sob identidade e sexo diversos, teve um acesso à proximidade da Rainha que estaria vedado a qualquer homem, tendo-se disso aproveitado amplamente. O Rei Jorge III bem mandou que fosse examinado por duas Damas, as quais, mentindo, atestaram a pretensa feminilidade, o que foi identicamente assegurado pela palavra da Cabeça Coroada que o empregava, com Broglie interposto. Os seus serviços valeram-lhe altíssima condecoração e a sua autópsia, determinante para o estabelecimento final da masculinidade, terá precipitado a loucura do Soberano inglês que enganara. Entretanto foi membro da Maçonaria e do «Hellfire Club», o grupo de satanistas orgiásticos que mais virgens terá desflorado nas Ilhas Britânicas. À maneira do nosso Cavaleiro de Oliveira, também ele chantageou o Rei que se seguiu em França, Luís XVI, e com sucesso, pois conseguiu grossa maquia em troca de papéis secretos, com a condição de não voltar a França senão vestido de mulher, até ao fim dos seus dias. Acabou, como grande às da espada que era, a aceitar desafios dos grandes peritos em esgrima à época, perante um público que de bom grado dispendia uns cobres para ver tão afamados guerreiros serem batidos por uma senhora.
Como se vê, bem diferente dos que se reivindicam seus herdeiros.
As gravuras mostram D´Eon em uniforme de Capitão de Dragões e como Lia de Beaumont.
O «PÚBLICO» de ontem elucidava-nos acerca de um perigo que espreita os turistas, na Tailândia: o de travestis locais, imitando na perfeição o sexo oposto, roubarem os incautos estrangeiros, através de um complicado esquema que envolve beijos com o upgrade dos jogos de língua, via pela qual introduziriam no organismo do pato uma cápsula que o anestesiasse e facilitasse o latrocínio. Da perfeição desses imitadores do Belo Sexo no antigo Sião já tenho notócia por antigo colega, que, na viagem de finalistas, desvendou uma dessas situações quase in extremis. Mas interessa agora é focar, de fugida, o facto de tantos homens de gostarem de vestir de mulher.
"Travestismo" foi termo inventado, já no Séc. XX, por Magnus Hirshfeld e tem manifestações tão diversas, como a dos foliões carnavalescos, casos como o do realizador ED Wood Jr., que precisava de vestir toupa interior feminina para obter prazer sexual, com mulheres, no entanto, ou, diz-se, do patrão do FBI, Edgar J. Hoover, e dos seus protegidos, os quais também gostavam de trajar da mesma forma, mas com o instinto sexual direccionado para outras bandas.
Entretanto, há uma associação das pessoas que gostam de envergar vestuário do género oposto, a «Beaumont Society». É uma tentativa dessa prática se arrogar títulos de nobreza, como acontece com os adeptos da pederastia com a Grécia Antiga, ou os revolucionários ingleses das duas convulsões seiscentistas com a «Magna Carta», bem como sucessores seus, tais como Mirabeau e Garrett, com a edificação política anterior ao absolutismo. A designação provém de Lia de Beaumont, o nome adoptado pelo agente de Luís XV, Cavaleiro D´Eon, para penetrar na Corte Imperial Russa da czarina Elisabeta Petrovna, a que o acesso masculino tinha sido restringido. Já antes o dito aventureiro enganara Mme. de Pompadour, com idêntico expediente, gerando a fama de ser impossível determinar se era macho ou fémea. Mais tarde, o Rei enviou-o à Corte Inglesa, onde, voltando sob identidade e sexo diversos, teve um acesso à proximidade da Rainha que estaria vedado a qualquer homem, tendo-se disso aproveitado amplamente. O Rei Jorge III bem mandou que fosse examinado por duas Damas, as quais, mentindo, atestaram a pretensa feminilidade, o que foi identicamente assegurado pela palavra da Cabeça Coroada que o empregava, com Broglie interposto. Os seus serviços valeram-lhe altíssima condecoração e a sua autópsia, determinante para o estabelecimento final da masculinidade, terá precipitado a loucura do Soberano inglês que enganara. Entretanto foi membro da Maçonaria e do «Hellfire Club», o grupo de satanistas orgiásticos que mais virgens terá desflorado nas Ilhas Britânicas. À maneira do nosso Cavaleiro de Oliveira, também ele chantageou o Rei que se seguiu em França, Luís XVI, e com sucesso, pois conseguiu grossa maquia em troca de papéis secretos, com a condição de não voltar a França senão vestido de mulher, até ao fim dos seus dias. Acabou, como grande às da espada que era, a aceitar desafios dos grandes peritos em esgrima à época, perante um público que de bom grado dispendia uns cobres para ver tão afamados guerreiros serem batidos por uma senhora.
Como se vê, bem diferente dos que se reivindicam seus herdeiros.
As gravuras mostram D´Eon em uniforme de Capitão de Dragões e como Lia de Beaumont.
5 Comments:
At 4:16 AM, Anonymous said…
Satanistas orgiásticos...
"Hellfire Club"...
Muito têm as claques de futebol de aprender com eles...
At 6:59 PM, Jansenista said…
Curioso: encomendei na Daedalus, há uns meses, The Maiden of Tonnerre, sobre d'Eon (lembrado que eu estava de ler detalhes picantes numa Histoires d'Amour de l'Histoire de France, há muitos anos). O livro não chegou ainda, mas estou certo de que vou deliciar-me com as incríveis histórias dele/dela.
At 7:15 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Jansenista:
Tenho três biografias dele(a). Uma síntese bem informativa em 157 pgs., de Cynthia Cox, «THE ENIGMA OF THE AGE», com o antetítulo «The strange story of the Chevalier d´Eon», Longmans, Londres, 1966; e mais duas, francesas, uma razoável, outra para esquecer. Prometo acrescentar, amanhã, os dados da aproveitável.
At 3:47 AM, zazie said…
esta é uma história tão engraçada!
At 12:18 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caro Jansenista, Querida Zazie:
A outra biografia, por mim mencionada, ontem, é como segue:
«LE CHEVALIER D´EON», de G. Melinand, E. Budelaire, Paris, 1967. Tem 607 pgs..
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