The Day After
Neste dia que duplamente se seguiu ao da evocação da tragédia
lisboeta setecentista e a uma tarde em que as minhas tentativas
de postar foram barradas pele má vontade da técnica, cumpre
recordar uma grande Voz que se ergueu contra a entronização
de um político que, por ironia da História, franqueou o portal da
celebridade como reconstrutor da Capital de um País de cuja
essencialidade foi o maior dos destrutores.
A grande mitoclastia foi protagonizada pela pena de António
Sardinha que, em «A Estátua do Marquês», recolhido depois na
colectânea «Na Feira dos Mitos», veio insurgir-se contra a fálica
homenagem que as maçonarias cá da terra ergueram, com ironia,
ao cimo duma Avenida baptizada da «Liberdade», injustiçando de
modo duradouro os nossos Amigos sportinguistas que, sem haverem
sido tidos ou achados, ainda hoje se vêem associados a figura tão
lamentável.
O Autor dessas sete páginas imorredouras era hostil ao valido de
D. José I por o ver como serventuário dos interesses estrangeiros,
nomeadamente de um Choiseul - que o desprezava - e como regalista
anti-católico, mais do que provável filiado na Maçonaria, apostado
em derruir o prévio País dos nossos Antepassados, por uma tripla
ordem de razões:
1- Por o reconhecer como adversário do papel os Três Estados em
Cortes e das liberdades municipais e profissionais, esmagando os
obstáculos de qualquer condição com picos de crueldade tristemente
verificados, como a execução dos Távoras, o suplício do insane Pe.
Malagrida e o incêndio da Trafaria.
2- Ao dá-lo como eliminador da liberdade de comércio e da iniciativa
industrial, sob a capa da modernização, graças à instituição de
monopólios de que os seus bolsos, como os dos seus familiares e
servidores foram os principais beneficiários.
3- Notando nele o paroxismo de manipulação pelo poder estatal da
Inquisição, acentuando a prática ibérica que vinha de trás,
incrementando o papel repressivo dela; apropriando-se da condução
do ensino, ao perseguir e expulsar os Jesuítas, substituindo-os pelos
Irmãos do Oratório, dóceis à sua acção; criando a Real Mesa Censória
que protagonizou um frenesi controlador, muito mais condicionante
do que a relativa lassidão da anterior aprovação eclesiástica.
Neste furor de centralização, claro predecessor do jacobinismo que,
da infausta revolução francesa aos nossos dias, tem desgovernado e
feito decair a Europa, pode bem dizer-se que, fora das cidades
destruídas pelo terramoto, Pombal foi uma eficientíssima extensão do
mesmo.
E que, na destruição desse Portugal, não se registou mérito reconstrutor
que desse para salvar a face.
lisboeta setecentista e a uma tarde em que as minhas tentativas
de postar foram barradas pele má vontade da técnica, cumpre
recordar uma grande Voz que se ergueu contra a entronização
de um político que, por ironia da História, franqueou o portal da
celebridade como reconstrutor da Capital de um País de cuja
essencialidade foi o maior dos destrutores.
A grande mitoclastia foi protagonizada pela pena de António
Sardinha que, em «A Estátua do Marquês», recolhido depois na
colectânea «Na Feira dos Mitos», veio insurgir-se contra a fálica
homenagem que as maçonarias cá da terra ergueram, com ironia,
ao cimo duma Avenida baptizada da «Liberdade», injustiçando de
modo duradouro os nossos Amigos sportinguistas que, sem haverem
sido tidos ou achados, ainda hoje se vêem associados a figura tão
lamentável.
O Autor dessas sete páginas imorredouras era hostil ao valido de
D. José I por o ver como serventuário dos interesses estrangeiros,
nomeadamente de um Choiseul - que o desprezava - e como regalista
anti-católico, mais do que provável filiado na Maçonaria, apostado
em derruir o prévio País dos nossos Antepassados, por uma tripla
ordem de razões:
1- Por o reconhecer como adversário do papel os Três Estados em
Cortes e das liberdades municipais e profissionais, esmagando os
obstáculos de qualquer condição com picos de crueldade tristemente
verificados, como a execução dos Távoras, o suplício do insane Pe.
Malagrida e o incêndio da Trafaria.
2- Ao dá-lo como eliminador da liberdade de comércio e da iniciativa
industrial, sob a capa da modernização, graças à instituição de
monopólios de que os seus bolsos, como os dos seus familiares e
servidores foram os principais beneficiários.
3- Notando nele o paroxismo de manipulação pelo poder estatal da
Inquisição, acentuando a prática ibérica que vinha de trás,
incrementando o papel repressivo dela; apropriando-se da condução
do ensino, ao perseguir e expulsar os Jesuítas, substituindo-os pelos
Irmãos do Oratório, dóceis à sua acção; criando a Real Mesa Censória
que protagonizou um frenesi controlador, muito mais condicionante
do que a relativa lassidão da anterior aprovação eclesiástica.
Neste furor de centralização, claro predecessor do jacobinismo que,
da infausta revolução francesa aos nossos dias, tem desgovernado e
feito decair a Europa, pode bem dizer-se que, fora das cidades
destruídas pelo terramoto, Pombal foi uma eficientíssima extensão do
mesmo.
E que, na destruição desse Portugal, não se registou mérito reconstrutor
que desse para salvar a face.
6 Comments:
At 9:07 AM, Anonymous said…
«Neste dia que duplamente...»
VIDA
"Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida."
SÉNECA, Lucius Annaeus
I
At 1:05 PM, Anonymous said…
E ainda: "Que há uma diferença entre plantar àrvores ou plantar barrotes"; Atirou Lisboa para as Avenidas Novas ao optar pelas vias perpendiculares ao rio, ao contrário da antiga Lisboa ribeirinha, que circundava paralelamente o Tejo;e finalmente a curiosidade de ter sido a 1ª República a fazer uma estátua ao Marquês, enquanto que a ditadura fez outra ao António José de Almeida! Freud explica, porque eu não sou capaz.
Um abraço.
JSM(Interregno)
At 2:11 PM, Marcos Pinho de Escobar said…
Caro Paulo,
Parabéns por estas grandes linhas sobre o nefasto Carvalho e Melo. Já bem conhecemos o conceito de "liberdade" tão caro à seita maldita. A avenida e o monumento estão em perfeita harmonia. Acrescente-se o enfeite fálico-abrilista lá no alto e a perspectiva é imbatível.
Un abrazo porteño.
At 3:19 PM, o engenheiro said…
Meu caro
Há que estar atento às iniciativas do Centro Cultural Pedro Hispano que, em colaboração com uma tal Sociedade Histórica da Independência de Portugal, tem vindo a realizar algumas conferências sobre o tema. A malfadada criatura tem visto os seus créditos serem desmistificados.
Mas a julgar pelos Oeirenses de seu condado que votaram nas últimas autárquicas no Isaltino, tendo subjacente o princípio "rouba mas faz" também o seu Conde da altura se afirmou como inquestionável leader da reconstrução. Quem o teria feito de forma mais rápido e melhor ? Nunca o saberemos ao certo, apesar de os planos dos arquitectos por ele escolhidos terem sido altamente criticados por outros profissionais menos iniciados na seita, perdão, na arte.
Só o grande cagaço que apanhou o Bragança de serviço na altura e que o fez estar ausente de Lisboa quase 20 anos permite justificar a tirania de Pombal.
At 6:41 PM, Paulo Cunha Porto said…
Caríssimo engenheiro: abençoadas as Instituições que prestam um tal serviço público de reposição da verdade histórica. Apetece mesmo passar a frequentá-las.
Ao Mesmo e ao também Muito Caro Euro-Ultramarino: Não consegui conter-me, o homem é um dos maiores "bluffs" da História Pátria. Pior e com boa imprensa, só o Gomes Freire. Mas sobre este ainda cairá um dia a fúria do misantropo...
At 6:19 PM, Anonymous said…
Um texto de rebimba o malho, Amigo Paulo; dá-lhe, que ainda mexe!
Por Deus, Pátria e Rei - Sempre!
Post a Comment
<< Home