O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Tuesday, November 01, 2005

O que lhe Faltou

Na sequência do terramoto que destruiu a nossa Lisboa,
Voltaire insurgiu-se, num poema sobre esse desastre,
contra o optimismo e o fatalismo de Pope e Leibnitz, o
que é favor que todos lhe devem agradecer. Mas pode-se
lamentar que, consciente da Presença Maléfica no Mundo,
a sua concepção de Deus não haja superado a da revelação
estritamente individual que conferisse esperança de
melhorias terrenas, e não a Comunhão na Igreja, o Corpo
Místico de Cristo, como estrada para a derrota do Mal.
Ei-lo escrevendo como ninguém, num extracto do prefácio
ao «POÈME SUR LE DÉSASTRE DE LISBONNE», tentando
sugerir que fora outro o autor da poesia:
«...Mas, penetrado das infelicidades dos homens, ele
ergue-se contra os abusos que se pode fazer desse axioma
Tudo vai bem. Ele adopta esta triste e mais antiga verdade,
reconhecida por todos os homens, de que há bastante mal
sobre a terra; ele confessa que Tudo vai bem, tomado num
sentido absoluto e sem esperança num futuro, não é senão
um insulto às dores da nossa vida.
Se quando Lisboa, Méquinez, Tetuão, e tantas outras cidades
desapareceram com um tão grande número dos seus habitantes
no mês de Novembro de 1755, os filósofos tivessem gritado aos
infelizes que a custo escaparam das ruínas: "Tudo vai bem; os
herdeiros dos mortos aumentarão as suas fortunas; os pedreiros
ganharão algum dinheiro a reconstruir as casas; os animais
alimentar-se-ão dos cadáveres enterrados nos destroços: é o
efeito necessário das causas necessárias; o vosso mal
particular nada é, vós contribuístes para o bem geral"; um tal
discurso seria certamente tão cruel como o tremor de Terra
foi funesto.».

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