A Excepção
Sendo firmemente contra legalizar à campeão imigrantes
ilegais, abro uma excepção no caso das prostitutas, por
um argumento que, parecendo formal, é substancial: elas
não poderiam ter tentado obter um visto de trabalho para
uma profissão que não era reconhecida. Acresce que a solução
se repercutiria numa medida que, há muito, advogo: oficializar
o reconhecimento da prostituição, como já ocorria, contra
pressões dos sectores mais púdicos, durante grande parte do
consulado de Salazar. Não que nutra a ilusão de que, à
semelhança do que acontece na Holanda ou na Alemanha, o
Estado vá arrecadar milhões em impostos. Isso é desconhecer
que a mentalidade latina de fuga - que certamente contaminará
as imigradas - é diferente da germânica, de observância. Os
entrevistados que hoje o defendem, no «Correio da Manhã»,
correm o risco de desilusão paralela à do Imperador romano que,
havendo sonhado armar legiões e reunir armadas com as receitas
fiscais provindas das meretrizes, se viu obrigado a cingir-se
à construção de latrinas públicas, disfarçando com «o nojo
que a origem do dinheiro lhe despertava»... Sou favorável
à alteração legal, em virtude de um problema seríssimo, que
é o do controle sanitário.
E o que me faz espécie é o conjunto das declarações do João
Luís César das Neves sobre o tema. Faz equivaler a legalização
dessa subterrânea actividade a uma promoção da mesma e diz
temer que, com ela, Portugal se torne um prostíbulo da Europa.
E logo a seguir sai-se com um tremendo desabafo, dizendo que
não consegue exergar «ganhos para o País». Um economista de
mérito a contradizer-se dessa forma, ignorando o balúrdio
que representa a expansão desse ramo da indústria turística!
Se tivesse aduzido argumentos puramente morais, vá lá, não
concordando, poderia a posição merecer respeito. Agora, com
a economia não vai lá.
ilegais, abro uma excepção no caso das prostitutas, por
um argumento que, parecendo formal, é substancial: elas
não poderiam ter tentado obter um visto de trabalho para
uma profissão que não era reconhecida. Acresce que a solução
se repercutiria numa medida que, há muito, advogo: oficializar
o reconhecimento da prostituição, como já ocorria, contra
pressões dos sectores mais púdicos, durante grande parte do
consulado de Salazar. Não que nutra a ilusão de que, à
semelhança do que acontece na Holanda ou na Alemanha, o
Estado vá arrecadar milhões em impostos. Isso é desconhecer
que a mentalidade latina de fuga - que certamente contaminará
as imigradas - é diferente da germânica, de observância. Os
entrevistados que hoje o defendem, no «Correio da Manhã»,
correm o risco de desilusão paralela à do Imperador romano que,
havendo sonhado armar legiões e reunir armadas com as receitas
fiscais provindas das meretrizes, se viu obrigado a cingir-se
à construção de latrinas públicas, disfarçando com «o nojo
que a origem do dinheiro lhe despertava»... Sou favorável
à alteração legal, em virtude de um problema seríssimo, que
é o do controle sanitário.
E o que me faz espécie é o conjunto das declarações do João
Luís César das Neves sobre o tema. Faz equivaler a legalização
dessa subterrânea actividade a uma promoção da mesma e diz
temer que, com ela, Portugal se torne um prostíbulo da Europa.
E logo a seguir sai-se com um tremendo desabafo, dizendo que
não consegue exergar «ganhos para o País». Um economista de
mérito a contradizer-se dessa forma, ignorando o balúrdio
que representa a expansão desse ramo da indústria turística!
Se tivesse aduzido argumentos puramente morais, vá lá, não
concordando, poderia a posição merecer respeito. Agora, com
a economia não vai lá.
2 Comments:
At 11:35 AM, Flávio Santos said…
Se bem percebo, o meu amigo quer abrir uma excepção para quem comete uma dupla prevaricação: imigração ilegal e actividade profissional não reconhecida.
At 1:47 PM, Paulo Cunha Porto said…
Ora, é precisamente essa a minha posição. Um daqueles casos em que menos por menos dá mais...
E escusas de voltar a tratar-me na 3ª pessoa por tão pouco! Hihihihi!
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