A Ratazana
Já confessei aqui que o conflito israelo-palestiniano
me não comove especialmente. Espero que, na verdade,
pecado confessado seja meio perdoado. Mas, evidentemente,
se a Paz for avante ficarei contente. Tenho é algumas
dúvidas de que isso seja possível. Os palestinianos,
depois da retirada dos colonatos, irão reivindicar o
estado verdadeiramente soberano. E se isso lhes for dado,
quererão, a seguir, a extinção do Estado de Israel, por
muito que as suas lideranças formais assinem acordos em
contrário. Do outro lado também há grande resistência a
qualquer acto que transija. E uma mudança na governação
pode bem trazer o desanuviamento à estaca zero. Ela pode,
desde logo, ocorrer, se Sharon tiver o destino de Rabin.
Caso assim não seja, pode dar-se, ou por via eleitoral, ou
por disputa interna da liderança do Likud. A maioria dos
eleitores, em cada um dos dois despiques, suspeita muito,
em graus variados, da cedência que ora teve lugar. E como
os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio, o
Sr Netanyahu, convenientemente, demitiu-se de Ministro das
Finanças e prepara a investida. É indivíduo que sempre me
inspirou profunda desconfiança.
Dito o que, também eu saúdo a desmontagem dos colonatos de
Gaza. A sua presença ali sempre me pareceu gasolina vertida
permanentenente sobre o fogo. Mas não nos iludamos: o fulcro
do problema reside em Jerusalém ser sagrada para judeus e
muçulmanos; e em se não vislumbrar hipóteses, para já, de um
recurso ao co(n)domínio ou qualquer outra forma eficaz de
administração conjunta.
me não comove especialmente. Espero que, na verdade,
pecado confessado seja meio perdoado. Mas, evidentemente,
se a Paz for avante ficarei contente. Tenho é algumas
dúvidas de que isso seja possível. Os palestinianos,
depois da retirada dos colonatos, irão reivindicar o
estado verdadeiramente soberano. E se isso lhes for dado,
quererão, a seguir, a extinção do Estado de Israel, por
muito que as suas lideranças formais assinem acordos em
contrário. Do outro lado também há grande resistência a
qualquer acto que transija. E uma mudança na governação
pode bem trazer o desanuviamento à estaca zero. Ela pode,
desde logo, ocorrer, se Sharon tiver o destino de Rabin.
Caso assim não seja, pode dar-se, ou por via eleitoral, ou
por disputa interna da liderança do Likud. A maioria dos
eleitores, em cada um dos dois despiques, suspeita muito,
em graus variados, da cedência que ora teve lugar. E como
os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio, o
Sr Netanyahu, convenientemente, demitiu-se de Ministro das
Finanças e prepara a investida. É indivíduo que sempre me
inspirou profunda desconfiança.
Dito o que, também eu saúdo a desmontagem dos colonatos de
Gaza. A sua presença ali sempre me pareceu gasolina vertida
permanentenente sobre o fogo. Mas não nos iludamos: o fulcro
do problema reside em Jerusalém ser sagrada para judeus e
muçulmanos; e em se não vislumbrar hipóteses, para já, de um
recurso ao co(n)domínio ou qualquer outra forma eficaz de
administração conjunta.
8 Comments:
At 11:26 AM, vs said…
Análise bastante lúcida, realista e desapaixonada.
Muito provavelmente lúcida e realista....porque desapaixonada.
Se Sharon tiver o mesmo fim que Rabin, tal facto poderé desencadear o mais desvairado caos.
É um facto que o sr.Netanyahu, até agora, deu provas de não ser de confiança. Bem pior que o general Ariel Sharon.
Quem diria...
" Os palestinianos,
depois da retirada dos colonatos, irão reivindicar o
estado verdadeiramente soberano. E se isso lhes for dado,
quererão, a seguir, a extinção do Estado de Israel, por
muito que as suas lideranças formais assinem acordos em
contrário."
As esquerdas e algumas direitas acham que não. E Acham que o Hamas, a Gihad Islâmica e o Hezzbolah são organizações de forte pendor humanitário e filantrópico, constituídas por idealistas beneméritos, pobrezinhos (!!) e românticos.
Enfim...
(se fossemos a ter em conta critérios históricos para a posse daquela terra, verificaríamos que, antes de ser 'Palestina'....era 'Judeia'.)
Parece-me também que, lá no fundo, o problema é mesmo Jerusalem (cidade de fundação judaica e capital da primeira Israel).
Há ali muita histeria religiosa a convergir em tão escassos metros quadrados.
Os cristãos, desde Saladino, nunca se recompuseram na região.
São 'visitantes'.
O cristianismo ficou, desde então, isolado da sua pátria asiática e 'enclausurado' no Hemisfério Ocidental.
Em Jerusalem já não há imaginação que consiga ultrapassar uma de duas soluções
- ou uma fora militar internacional a garantir a separação (não muito provável)
- ou Jerusalem acaba com um 'edifício' muito parecido com o que 'ornamentou' Berlim durante algumas décadas (hipótese cada vez mais provável e, se calhar, a única viável).
O 'troço' das 'Lamentações' já está construído. Falta o resto.
At 3:49 PM, Anonymous said…
Tudo aquilo que vá contra os desígnios, os interesses, as manobras e as manhas de Israel, é bom!
At 7:18 PM, vs said…
"Tudo aquilo que vá contra os desígnios, os interesses, as manobras e as manhas de Israel, é bom!"
Ena pá.
Às vezes penso se o Eurico não seré muçulmano :)
Nunca lhe li uma linha que fosse a criticar aquela 'santa gente',. aqueles 'pobrezinhos-coitadinhos-.vítimas-do-imperialismo-os-desgraçadinhos-que-não-fazem-mal-a-uma-mosca-e-são-incapazes-de-qualquer-acto-de-vileza-os-beneméritos-incompreendidos'...
Sabe o que é o 'Dar-al-Islam'?
Espero bem que o Eurico não fique um dia destes no desemprego, pois os mafométicos não simpatizam muito com o cinema nem com a televisão.
E rezar de rabiosque para o ar com a mona virada para 'Santa Cona do Assobio' não é grande perspectiva também....
At 7:41 PM, vs said…
Um dia destes, quando for a Cannes por alturas do Festival, em vez de ver o Maire.....vai ver o Mufti. :)
Isto enquanto houver festival, é claro.
At 8:00 PM, Anonymous said…
Não há problema, a indústria audiovisual está maioritariamente nas mãos de "você-sabe-quem". Quanto a religiões, sou ateu, por isso não é por aí que se me turva a visão das coisas. Quanto ao fanatismo islâmico, só começou a dar notícias quando Israel começou a pisar o risco a sério, e os EUA, Grã-Bretanha e outros idiotas úteis (a Telavive) a mandar morrer os seus soldados por interesses que não os seus, e a desviar as atenções dos terroristas para a Europa. Quanto à emigração islâmica, é problema que pertence a outro departamento. Claro que não quero ficar em minoria no meu país - mas também não quero que o meu país e outros países que admiro sejam os paus-mandados os magarefes da carne para canhão de Israel.
At 9:01 PM, Ricardo António Alves said…
Só um apontamento, para carregar nas tintas em relação a esse Netanyahu, personagem repugnante ao pé do qual Sharon nos parece simpático... Sobre o assunto em questão: apesar da minha admiração por Israel, reconheço a sua condição ilegítima de ocupante. Quanto à cáfila religiosa, judaica e muçulmana, é trancá-los nas mesquitas e sinagogas respectivas, e dar-lhes uma hora de sol por dia, como se faz nas prisões. Era higiénico, até porque normalmente cheiram mal: em vez de tomarem banho, oram! E não se pense que há aqui qualquer eurocentrismo; é que a nossa padralhada está, se não domesticada, pelo menos controlada, e assim deve ficar.
At 9:02 PM, vs said…
"Não há problema, a indústria audiovisual está maioritariamente nas mãos de "você-sabe-quem"."
Nem sei que lhe diga.
os grandes mé(r)dia internacionais passam a vida a dizer de israel o que Maomé não disse do toucinho.
Ainda há dias, um 'bate-orelhas' qualquer falava da 'fascist politic' de Israel.
Enfim...
É Goulões por todo o lado.
:)
" Quanto ao fanatismo islâmico, só começou a dar notícias quando Israel começou a pisar o risco a sério..."
Daqui a pouco o Eurico vai me querer convencer que a moirama que os europeis defrontaram em Poitiers em 732 erma umas 'pobres vítimas' da política imperialista que, já na altura, os EUA e Israel exerciam sobre eles.
"... a mandar morrer os seus soldados por interesses que não os seus,..."
Ai não que não são os seus...
Que no Médio Oriente não houvesse petróleo que o Eurico haveria de ver era ingleses e americanos por um canudo.
É clro que os EUA & Ca têm grandes interesses nesta 'festarola' toda.
É uma mina.
Eu, no lugar dos israelitas, rezava era para que o petrólei no Médio Oriente não se esgote tão cedo.
É que no dia em que se esgotar, os de Washington nem lhes vão atender o telefone
At 3:38 AM, Anonymous said…
Infelizmente, estou como o Paulo. Tenho pouquíssima fé.Porque o ódio entre eles é tão grande, puro e instintivo que é muito difícil de serenar.
Há 20 anos, eu sabia que a desagregação da União Soviética era uma questão de tempo. E nunca pensei que depois dela as coisas piorassem tanto.
Há 20 anos, eu pensava que da luta capitalismo/socialismo sairia uma síntese com algo de positivo.
E as coisas estão como estão.
Mas outras situações evoluíram no sentido positivo, coisas que eu nunca julguei possíveis:a integração da África do Sul no panorama competitivo desportivo internacional, a diluição da violência na Irlanda do Norte e no País Basco.
Post a Comment
<< Home