O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Tuesday, August 16, 2005

A Ratazana

Já confessei aqui que o conflito israelo-palestiniano
me não comove especialmente. Espero que, na verdade,
pecado confessado seja meio perdoado. Mas, evidentemente,
se a Paz for avante ficarei contente. Tenho é algumas
dúvidas de que isso seja possível. Os palestinianos,
depois da retirada dos colonatos, irão reivindicar o
estado verdadeiramente soberano. E se isso lhes for dado,
quererão, a seguir, a extinção do Estado de Israel, por
muito que as suas lideranças formais assinem acordos em
contrário. Do outro lado também há grande resistência a
qualquer acto que transija. E uma mudança na governação
pode bem trazer o desanuviamento à estaca zero. Ela pode,
desde logo, ocorrer, se Sharon tiver o destino de Rabin.
Caso assim não seja, pode dar-se, ou por via eleitoral, ou
por disputa interna da liderança do Likud. A maioria dos
eleitores, em cada um dos dois despiques, suspeita muito,
em graus variados, da cedência que ora teve lugar. E como
os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio, o
Sr Netanyahu, convenientemente, demitiu-se de Ministro das
Finanças e prepara a investida. É indivíduo que sempre me
inspirou profunda desconfiança.
Dito o que, também eu saúdo a desmontagem dos colonatos de
Gaza. A sua presença ali sempre me pareceu gasolina vertida
permanentenente sobre o fogo. Mas não nos iludamos: o fulcro
do problema reside em Jerusalém ser sagrada para judeus e
muçulmanos; e em se não vislumbrar hipóteses, para já, de um
recurso ao co(n)domínio ou qualquer outra forma eficaz de
administração conjunta.

8 Comments:

  • At 11:26 AM, Blogger vs said…

    Análise bastante lúcida, realista e desapaixonada.
    Muito provavelmente lúcida e realista....porque desapaixonada.

    Se Sharon tiver o mesmo fim que Rabin, tal facto poderé desencadear o mais desvairado caos.

    É um facto que o sr.Netanyahu, até agora, deu provas de não ser de confiança. Bem pior que o general Ariel Sharon.
    Quem diria...

    " Os palestinianos,
    depois da retirada dos colonatos, irão reivindicar o
    estado verdadeiramente soberano. E se isso lhes for dado,
    quererão, a seguir, a extinção do Estado de Israel, por
    muito que as suas lideranças formais assinem acordos em
    contrário."

    As esquerdas e algumas direitas acham que não. E Acham que o Hamas, a Gihad Islâmica e o Hezzbolah são organizações de forte pendor humanitário e filantrópico, constituídas por idealistas beneméritos, pobrezinhos (!!) e românticos.
    Enfim...

    (se fossemos a ter em conta critérios históricos para a posse daquela terra, verificaríamos que, antes de ser 'Palestina'....era 'Judeia'.)

    Parece-me também que, lá no fundo, o problema é mesmo Jerusalem (cidade de fundação judaica e capital da primeira Israel).

    Há ali muita histeria religiosa a convergir em tão escassos metros quadrados.

    Os cristãos, desde Saladino, nunca se recompuseram na região.
    São 'visitantes'.
    O cristianismo ficou, desde então, isolado da sua pátria asiática e 'enclausurado' no Hemisfério Ocidental.


    Em Jerusalem já não há imaginação que consiga ultrapassar uma de duas soluções

    - ou uma fora militar internacional a garantir a separação (não muito provável)

    - ou Jerusalem acaba com um 'edifício' muito parecido com o que 'ornamentou' Berlim durante algumas décadas (hipótese cada vez mais provável e, se calhar, a única viável).

    O 'troço' das 'Lamentações' já está construído. Falta o resto.

     
  • At 3:49 PM, Anonymous Anonymous said…

    Tudo aquilo que vá contra os desígnios, os interesses, as manobras e as manhas de Israel, é bom!

     
  • At 7:18 PM, Blogger vs said…

    "Tudo aquilo que vá contra os desígnios, os interesses, as manobras e as manhas de Israel, é bom!"

    Ena pá.

    Às vezes penso se o Eurico não seré muçulmano :)
    Nunca lhe li uma linha que fosse a criticar aquela 'santa gente',. aqueles 'pobrezinhos-coitadinhos-.vítimas-do-imperialismo-os-desgraçadinhos-que-não-fazem-mal-a-uma-mosca-e-são-incapazes-de-qualquer-acto-de-vileza-os-beneméritos-incompreendidos'...


    Sabe o que é o 'Dar-al-Islam'?

    Espero bem que o Eurico não fique um dia destes no desemprego, pois os mafométicos não simpatizam muito com o cinema nem com a televisão.
    E rezar de rabiosque para o ar com a mona virada para 'Santa Cona do Assobio' não é grande perspectiva também....

     
  • At 7:41 PM, Blogger vs said…

    Um dia destes, quando for a Cannes por alturas do Festival, em vez de ver o Maire.....vai ver o Mufti. :)

    Isto enquanto houver festival, é claro.

     
  • At 8:00 PM, Anonymous Anonymous said…

    Não há problema, a indústria audiovisual está maioritariamente nas mãos de "você-sabe-quem". Quanto a religiões, sou ateu, por isso não é por aí que se me turva a visão das coisas. Quanto ao fanatismo islâmico, só começou a dar notícias quando Israel começou a pisar o risco a sério, e os EUA, Grã-Bretanha e outros idiotas úteis (a Telavive) a mandar morrer os seus soldados por interesses que não os seus, e a desviar as atenções dos terroristas para a Europa. Quanto à emigração islâmica, é problema que pertence a outro departamento. Claro que não quero ficar em minoria no meu país - mas também não quero que o meu país e outros países que admiro sejam os paus-mandados os magarefes da carne para canhão de Israel.

     
  • At 9:01 PM, Blogger Ricardo António Alves said…

    Só um apontamento, para carregar nas tintas em relação a esse Netanyahu, personagem repugnante ao pé do qual Sharon nos parece simpático... Sobre o assunto em questão: apesar da minha admiração por Israel, reconheço a sua condição ilegítima de ocupante. Quanto à cáfila religiosa, judaica e muçulmana, é trancá-los nas mesquitas e sinagogas respectivas, e dar-lhes uma hora de sol por dia, como se faz nas prisões. Era higiénico, até porque normalmente cheiram mal: em vez de tomarem banho, oram! E não se pense que há aqui qualquer eurocentrismo; é que a nossa padralhada está, se não domesticada, pelo menos controlada, e assim deve ficar.

     
  • At 9:02 PM, Blogger vs said…

    "Não há problema, a indústria audiovisual está maioritariamente nas mãos de "você-sabe-quem"."

    Nem sei que lhe diga.
    os grandes mé(r)dia internacionais passam a vida a dizer de israel o que Maomé não disse do toucinho.
    Ainda há dias, um 'bate-orelhas' qualquer falava da 'fascist politic' de Israel.
    Enfim...
    É Goulões por todo o lado.
    :)

    " Quanto ao fanatismo islâmico, só começou a dar notícias quando Israel começou a pisar o risco a sério..."

    Daqui a pouco o Eurico vai me querer convencer que a moirama que os europeis defrontaram em Poitiers em 732 erma umas 'pobres vítimas' da política imperialista que, já na altura, os EUA e Israel exerciam sobre eles.


    "... a mandar morrer os seus soldados por interesses que não os seus,..."

    Ai não que não são os seus...
    Que no Médio Oriente não houvesse petróleo que o Eurico haveria de ver era ingleses e americanos por um canudo.
    É clro que os EUA & Ca têm grandes interesses nesta 'festarola' toda.
    É uma mina.

    Eu, no lugar dos israelitas, rezava era para que o petrólei no Médio Oriente não se esgote tão cedo.

    É que no dia em que se esgotar, os de Washington nem lhes vão atender o telefone

     
  • At 3:38 AM, Anonymous Anonymous said…

    Infelizmente, estou como o Paulo. Tenho pouquíssima fé.Porque o ódio entre eles é tão grande, puro e instintivo que é muito difícil de serenar.
    Há 20 anos, eu sabia que a desagregação da União Soviética era uma questão de tempo. E nunca pensei que depois dela as coisas piorassem tanto.
    Há 20 anos, eu pensava que da luta capitalismo/socialismo sairia uma síntese com algo de positivo.
    E as coisas estão como estão.
    Mas outras situações evoluíram no sentido positivo, coisas que eu nunca julguei possíveis:a integração da África do Sul no panorama competitivo desportivo internacional, a diluição da violência na Irlanda do Norte e no País Basco.

     

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