Leitura Matinal -88
O Homem é o animal que nunca está contente
com o que tem. Compraz-se no choro do seu
fado, quer por navegar nas doçuras dos amores,
quer por nelas se ter afundado, sem falar das
pouco suportáveis "estadias em terra".
No fim de contas, a percepção do que é efémero,
sobretudo a posteriori, obnubila toda a memória
das horas mais conseguidas. E, por vezes, o medo
delas coarcta-as. Seja no antes ou no depois, pondo
pedal a fundo na brevidade do presente e na clara
impossibilidade de o fixar, o pendor doentio para
o sofrimento interior dá sinal de si.
Já os Clássicos o notavam, com profusão,
como na escrita de Diogo Bernardes:
Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceu, quando vos tinha,
Que vos visse tornadas tão asinha
Em tão compridos dias de tormento!
Aquelas torres que fundei ao vento,
O vento as levou já, que as sustinha.
Do mal que me ficou a culpa é minha,
Que sobre cousas vãs fiz fundamento.
Amor com rosto ledo e vista branda
Promete quanto dele se deseja,
Tudo possível faz, tudo segura.
Mas dês que dentro na alma reina e manda,
Como na minha fez, quer que se veja
Quão fugitivo é, quão pouco dura.
com o que tem. Compraz-se no choro do seu
fado, quer por navegar nas doçuras dos amores,
quer por nelas se ter afundado, sem falar das
pouco suportáveis "estadias em terra".
No fim de contas, a percepção do que é efémero,
sobretudo a posteriori, obnubila toda a memória
das horas mais conseguidas. E, por vezes, o medo
delas coarcta-as. Seja no antes ou no depois, pondo
pedal a fundo na brevidade do presente e na clara
impossibilidade de o fixar, o pendor doentio para
o sofrimento interior dá sinal de si.
Já os Clássicos o notavam, com profusão,
como na escrita de Diogo Bernardes:
Horas breves de meu contentamento,
Nunca me pareceu, quando vos tinha,
Que vos visse tornadas tão asinha
Em tão compridos dias de tormento!
Aquelas torres que fundei ao vento,
O vento as levou já, que as sustinha.
Do mal que me ficou a culpa é minha,
Que sobre cousas vãs fiz fundamento.
Amor com rosto ledo e vista branda
Promete quanto dele se deseja,
Tudo possível faz, tudo segura.
Mas dês que dentro na alma reina e manda,
Como na minha fez, quer que se veja
Quão fugitivo é, quão pouco dura.
3 Comments:
At 1:53 PM, Anonymous said…
Amigo Porto, você levanta-se assim cedo todos os dias, mesmo aos feriados, mesmo em pleno Agosto de Verão e de férias? Puxa, que coragem... eu mal acabei de sair de cama...
At 7:14 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu caro Eurico:
Já na tropa, enquanto cadete, era o primeiro do pelotão a saltar da cama...
At 10:54 PM, Anonymous said…
Isso também eu, mas era para ter a casa de banho só para mim antes da turbamulta!
E já agora, não quer ir jantar connosco na quarta-feira ao Solar do Arco do Cego? (O Café do Chiado está fechado em Agosto para férias). Tem a vantagem, para o Paulo que mora fora da cidade, de fechar à meia-noite e não à uma como aquele, e eu terei o maior gosto de o conduzir até aos comboios.
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