Uma Busca do Graal Muito Minha -3

O tempo foi passando. Quando menos esperava cruzei-me
com outra Liseuse. Faltava-lhe o nome, mas, interiormente, não tive
dúvidas de que se chamaria assim. Era, em tamanho considerável, uma
estampa - o suporte, evidentemente. Passou-se o caso, ironicamente,
numa loja de velharias! A técnica não era a melhor; o resultado pictórico
julgo que não ultrapassaria o sofrível. Mas estava disposto a tudo, a
suportar as cores infelizes, sem suspirar pelo tendencial preto e branco
deslumbrante da minha. Não se tratava agora de uma "escapadela", era,
talvez desajeitadamente, o intuito da homenagem que me movia.
E comprei-a? Mais uma vez não.
Uma persistente cobardia impediu-me.
Dei comigo a pensar que a figura retratada parecia ser menina demasiado
nova. Não que a outra fosse velha, as formas eram mais tranquilizadoras.
Aterrado perante a hipótese de vir a ter na parede pendurados indícios de
instinto pedófilo que não perfilho, retrocedi.
Eis como, ainda hoje, a parede reservada está vazia.
Não será um happy end, contudo é um
FIM