Uma Busca do Graal Muito Minha - 2

Até que um dia... a minha constância, por breves instantes,
fraquejou. Tendo ido com os meus Amigos Carmo e Jorge
Cruz a mais uma edição desse famoso certame que ostenta
o nome de «Bazar das Embaixadas», no tempo em que era
fácil por lá encontrar boas coisas, cheguei ao stand do México.
Passando os olhos entre sombreros e bebidas, dou com uma
estatueta, de um verde imitativo do bronze, representando
justamente a leitura absorta de uma mulher desnudada, assentando
a cabeça, indolentemente, num braço. Talvez por, inconscientemente,
a ligar à sensualíssima vendedora, fiquei extasiado.
Quando estava prestes a resvalar para o desnecessário gasto que me
conduziria à infidelidade, O Jorge solucionou o problema, com uma
lapidar frase que deu cabo de tudo:
- Ah, de certeza que o que ela está a ler é uma lista telefónica.
E o meu afecto original e originário persistiu, sem necessidade superficial
de perdões.

(ainda há mais)