O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Friday, July 22, 2005

Mal-Amados States

Santos da Casa, tem-nos estragado com mimos,com verdadeiros
prodígios de inteligência e de oportunidade. Hoje é, mais uma vez
leitura obrigatória, ao debruçar-se sobre os avassaladoramente
dominantes Estados Unidos da América, que, talvez por não serem
lá de casa, estão no post do FG Santos, completamente desprovidos
de santidade.
Tudo o que lá se diz é verdade. Ponho uma pequena reserva
quanto à questão do contentamento com dois partidos; para
mim, dois desses é uma multidão, aliás um somente seria por
igual condenável. Gosto de comunidades inteiras, o que não
quer dizer monolíticas. Pretende antes significar "sem que
mandem as ligações perigosas que destroem a individualidade".
E é um ponto em que os Norte-Americanos minoraram o mal, ao
erigirem um sistema em que não há corpos ideológicos
partidários compactos e se desconhece a disciplina de voto.
A função principal de cada um dos partidos é a de forum
de angariação de contributos para o financiamento das
campanhas, considerando aquela gente que a livre compra
de publicidade televisiva é o meio mais seguro de conpensar
o poder excessivo da imprensa.
E chegámos ao cerne da questão: toda a cultura yank assenta
no dinheiro. Julgo ser o único país em que a condição de
milionário é credencial bastante para uma aventura eleitoral.
Precisa-se de um candidato ao Senado? O dono de uma cadeia
de sapatarias, ou um industrial de pizzas serve mais que bem!
Não se conhece dele intervenção política ou cultural anterior?
Que importa? Pois se tem dinheiro a rodos...
O outro aspecto, complementar, é a obsessão da vida como job.
Lá, um militar de carreira não segue uma vocação, é um prof,
espera-se que faça o seu trabalho bem feito. Não há lealdade
à permanência num posto de trabalho. Fulano recebeu uma proposta
de uns centavos mais? Muda-se. Conheço casos em que o patrão,
de cara alegre, até o ajuda nesse passo.
O grau de enraizamento é muito menor. Qual caracol, qualquer
americano da cidade está sempre pronto a pegar nos tarecos e
zarpar para a outra ponta do continente. E acham louvável que
o mobil da imigração seja incrementar o rendimento, enquanto
nós, europeus, pensamos sempre na problemática da integração
cultural, seja para seduzir os imigrantes, seja para combatê-los.
E, raios, a coisa resulta e criam uma fidelidade própria a um
idealizado conceito de Nação. É a mãozinha sobre o coração
ao escutar o hino, prática pouco recomendável por cá. É o culto
dos Pais-Fundadores, na Europa confinado a eventos culturais
elitistas e satirizados. E é uma confiança messiânica na «missão
da América»; um paralelo sentimento na Europa esbarraria numa
muralha de pudor.
Estaremos condenados a ter como únicos países de futuro aqueles
que têm um passado curto?

2 Comments:

  • At 2:24 PM, Blogger Flávio Santos said…

    «Estaremos condenados a ter como únicos países de futuro aqueles
    que têm um passado curto?»
    Caro amigo, vá dizer isso aos chineses...

     
  • At 6:07 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Ah sim, esses, se não considerarmos cortes com o passado e refundações transformadoras as revoluções de Mao e de Deng. Enfim, pobre Europa, durante as nossas adolescências vivemos sob a ameaça de sermos dominados ou por um gigante americano ou por um meio asiático. Agora a situação é parecida; só que desapareceu o «meio»...

     

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