A Perversão Votante
É verdadeira obsessão esta de se pôr tudo em votação electrónica. Até normas de disciplina interna, como a do celibato eclesiástico! Que raio pode ter o público que não pertença ao clero com a decisão sobre matéria que não é dogmática, mas apenas critério de organização? A intenção subjacente é clara, pretende-se enfraquecer a Igreja, esperando que a carga sacral presente num sacerdócio sem vida familiar se dissipe e da alteração que obrigue a distrair ou a confundir as dimensões do Culto com a do Lar, que reduza a aceitação da Religiosidade, porque veiculada por "homens como os outros". Acresce que o ordenamento da devoção exclusiva foi instituído justamente para obviar a comportamentos demasiado humanos dos clérigos.
É-me igual ao litro, no plano dos princípios, que os Padres casem. Mas não auguro nada de bom, se o passarem a fazer com benção superior. E sou frontalmente contra qualquer votação sobre o assunto de leigos na matéria, para aumentar a audiência de uma qualquer publicação virtual.
3 Comments:
At 2:18 PM, Anonymous said…
A vocação não pode ser subjectiva ou relativa ao vocacionado. Se querem fazer filhos, deixem as ovelhas.
abraço
At 5:24 PM, Anonymous said…
Sem querer ofender, Paulo, esse é o paradoxo do comando autocrático nas sociedades livres: os assuntos surgem naturalmente na praça pública, e da discussão surge uma forma de avaliação política, assim transferindo um pouco do poder decisório parsa o cidadão comum - que, em todo o caso, não é especialmente forte, não tem a assertividade do Voto e pode apenas vagamente influenciar uma decisão superior. (Naturalmente, é o princípio da liberdade de expressão que está em causa.)
Sobre a questão propriamente dita, não me vou pronunciar.
Abraço
At 6:41 PM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Simão:
E além disso, há sempre o argumento usado, exteriormente, por Ramalho Ortigão, segundo o qual um homem que se comprometeu a uma coisa e não a conseguiu cumprir não pode inspirar grande confiança na condução das Almas.
Meu Caro Miguel.
Ofensa nenhuma. Mas a liberdade de expressão não justifica tudo e não vejo em que é que um jornal pode ter a pretensão de influenciar por inquérito uma norma estruturante de uma colectividade não-estatal. Sou contra estas sondagens por tudo e por nada para influenciar, como escrevi a respeito de um texto de Sartori. Ninguém nega o direito de as fazerem, apenas a sensatez. E, realmente, acho que é mecanismo muito mais anestesiante do que realizador de cada um.
Abraços a Ambos.
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