O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Saturday, November 25, 2006

O Partido de Pacheco

Pacheco Pereira queria um partido diferente daquele que tem. Mas, por perversões da formação intelectual interventiva e da própria legitimação da apresentação pública herdada do marxismo, acredita ou finge acreditar que a matriz identitária do PSD reside no seu programa, quando todos os observadores acentuam que o que lhe fez a força foi a característica de um grande movimento popular, sem um credo definido e delimitador estrito, apto a receber gente das mais diversas tendências. Daí a considerar um erro o apogeu daquela força, o Cavaquismo, é que implica um distanciamento da realidade só superado pelo dos anseios dos militantes, nostálgicos que se arrastam desses "tempos áureos".
Como a preocupação de moldar à medida das suas preferências não consegue conviver com o rigor, acrescenta a Cavaco dois princípios norteadores que se excluem: a influência norte-americana e a triologia «Deus, Pátria Família». É evidente que não visa esta salsada coisa diferente do que tentar afastar os mais empenhados nas lides partidárias de uma referência, colando-a a modelos que julga hoje pouco populares. Nunca vi o Prof. Cavaco embarcar em decalques do anti-maximalismo fiscal predominante nos EUA, apesar da formação universitária anglo-saxónica. E até recordo que, interrogado, deu como referencial fundador da sua doutrina o social-democrata Bernstein. Da mesma forma, nunca o Cavaquismo adoptou como máxima a Trindade salazarista, desdobrando-se o seu cabecilha em relatos de como votara Humberto Delgado, durante o Estado Novo. Nunca se meteu com Deus e com a Família, salvo a Sua; e não invocou a Pátria mais e mais fraudulentamente do que o fazem os restantes políticos do sistema. Assentou sempre num desenvolvenvimentismo de origem estatal que, como finalismo, é o mais contrário aos princípios de Salazar que se possa conceber.
O grande problema de JPP com a História da organização que integra é querer fazer dela um PS livre das manipulações da família Soares e da influência da geração que, saída das lutas académicas dos anos 1960´s, atravessou o utopismo radical-participativo dos grupúsculos à Direita do PCP nos primeiros tempos pós revolucionários. Isso e uma inconsciente animadversão contra os críticos dos «políticos palradores». Mas este último traço não pode ser-lhe levado a mal. Quem não se sente não é filho de boa gente, dizem.

4 Comments:

  • At 4:01 PM, Blogger Capitão-Mor said…

    Cada vez mais, Pacheco Pereira distancia-se dos aparelhos partidários modernos. Mas admiro a sua postura intelectual e distanciamento dos pequenos interesses...

     
  • At 9:22 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Eu gosto de o ler ede o ouvir em muitos casos,apesar de já me ter tido de insurgir contra algumas injustiças que cometeu. O debate político ganhou imenso quando ele irrompeu na discussão e na anáise. Mas como político tem sido um icontestado fracasso e tema obsessão de fazer do PSD uma sucursal mais de alguns dos piores tiques da Esquerda menos estimável.
    Abraço.

     
  • At 10:56 AM, Anonymous Anonymous said…

    O presidente Silva já se meteu com mais famílias. Aquelas que foram impedidas de entrar ou sair de Santa Eulália quando enquanto ele os seus iam ou vinham da praia.
    Não se livra ele da matriz, tal como sr. Pacheco.
    Cumpts.

     
  • At 11:16 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Hihihihihi! Ah sim,Caríssimo Bic Laranja,essas prioridades de cortejo tristes, por não serem da corte. Mas apesar de se ter apossado do partido durante um decénio, terá quando muito incorrido num crime de peculato, não num assalto à mão armada com desfiguração agravante, à laia de Pacheco...
    Abraço.

     

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