O Misantropo Enjaulado

O optimismo é uma preguiça do espírito. E. Herriot

Thursday, November 30, 2006

Militaria

Lendo o editorial do «DN», devo confessar que tenho para mim que todas as reivindicações profissionais dos militares estão condenadas a ver contra si despertadas as aversões da população e, pelo contrário, a testemunhar a satisfação com o Governo que as quer contrariar, muito por causa da reconversão que as atingiu, há uns anos. O redimensionamento e o fim do Serviço Militar Obrigatório deixaram o meio castrense com a imagem de um organismo que pode desempenhar missões internacionais mais ou menos populares, mas que é incapaz de fazer a guerra sem a ajuda das Forças Armadas de outros países, ao contrário do que acontecia no modelo que desenvolvera os combates de África. Por outro lado, ao substituir a indisposição que provocava em uito mancebo a passagenzita de ano e meio pelas fileiras pela completa isenção de nelas servir, faz a estranheza ocupar o lugar do resmungo. As duas alterações têm como consequência a formação de uma ideia de que Exército, Marinha e Força Aérea para pouco de fundamental servem, bem como a de «eles - que já não mandam em nós» - serem, realmente, uma profissão como as outras. E a inveja social nunca permitiu ver com bons olhos privilégios naqueles que julga iguais...

8 Comments:

  • At 3:07 PM, Anonymous Anonymous said…

    Quanto à assistência médica o Estado não tem razão. Como militar reformado fiz milhares de horas extraordinárias, trabalhando, por vezes, em penosas condições, fui privado de gozar férias durante anos porque o serviço não o permitia e, por isto, nunca recebi um centavo além do vencimento. A saúde de muitos saíu afectada por este esforço. Sendo assim, estará certo que, agora, venha o Governo dizer que, em assistência estamos iguais aos funcionários públicos, tentando igualar coisas diferentes?
    Claro que, nesta guerra psicológica em que o Governo está empenhado, conhecida a génese do povo português, esta atitude rende votos. É que este - o povo - esquecendo-se que o seu dever é reivindicar melhores serviços a que todos temos direito, já vai ficando satisfeito se igualar os outros que, com os cortes, baixam ao seu nível. E, assim, de degrau em degrau, nos vamos afundando.

     
  • At 5:33 PM, Anonymous Anonymous said…

    "é incapaz de fazer a guerra sem a ajuda das Forças Armadas de outros países."

    Discordo dos cortes de apoios aos militares, e reconheço o aproveitamento político que o Governo está a fazer desta questão.

    Contudo, isto pode ser apenas o início de um debate mais intenso sobre o papel das Forças Armadas portuguesas. Dados os nossos envolvimentos internacionais, ninguém hoje concebe que as Forças Armadas tenham de fazer a guerra sem ajuda. O povo percebe isso, e com o tempo vai-se questionando sobre a utilidade das suas Forças Armadas...
    Hoje em dia todos os servidores do Estado têm de justificar as suas regalias ou a sua existência, visto que elas deixaram de ser facilmente visíveis. A mensagem das Forças Armadas à sua população terá de passar por aí.

     
  • At 2:44 AM, Anonymous Anonymous said…

    Ora aqui está uma temática que tem sido completamente posta de lado pelos nossos governantes. Os cortes orçamentais têm sido crescentes, o nosso armamento está obsoleto e pensam que nunca acontecerá nada de especial que justifique a existência de uma força mais consistente. Ora, com as crescentes ameças internacionais urge reforçar esse sector assim como os serviços de inteligência. Creio que também faz parte do nosso orgulho como Nação...

     
  • At 12:11 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Tem toda a razão, Amigo Zé, em sublinhar o nivelamento por baixo, que entronca directamente na inveja social de que falei. Consequências da descaracterização institucional, quanto a mim. E uma mente mais desconfiada poderia mesmo acreditar que tudo o que precedeu foi preparação deste objectivo último.

    Mas, Meu Caro Miguel, acha que a dependência absoluta do estrangeiro trará resultados aceitáveis na hipótese - longe vá o agouro - de uma mobilização? Não crê que este espírito de confusão profissional, acrescido dos cortes que deliciam os civis alvo da demagogia da «luta contra os privilégios» que parece tocar a todos menos à classe política, será susceptível,a prazo de prejudicar as próprias relações herárquicas de situações-limite?
    Outro assunto, Caríssimo: com a inestimável ajuda do Amigo Mário Martins, consegui notícia, numa remissão de conferência publicada em 1988, de um estudo de João Medina, a meias com José Barromi, projectado para a revista «CLIO» Nº6, intitulado «O Projecto de Colonização Judaica de Angola».

    E julgo, Caro Capitão-Mor, que também passará pela concessão de um estatuto de excepção aos que estão na primeira linha do sacrifício, apesar de alguma culpa própria, na tomada de atitudes parasindicais.
    Abraços aos Três.

     
  • At 12:20 PM, Anonymous Anonymous said…

    agora, que tenho um levíssimo contacto com os meandros do estado, todos os dias constato que o corte nos orçamentos não me parece a solução. o redireccionamento das verbas e gestão do pessoal parece-me o caminho a seguir, mas cada vez mais vejo que apanhámos outro atalho e que este nos vai colocar em trabalhos. beijinho

     
  • At 2:11 PM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Querida Teresa:
    concordo com cada vírgula do que dizes. Há muito que o defendo. E nesse sentido os militares, por sua natureza, parecem-me viver situação bem diferente do funcionalismo civil, que faz do imobilismo um direito.
    Beijinho.

     
  • At 6:27 PM, Blogger Bic Laranja said…

    Os fradinhos de S. Bento pregam (e os laboratores creem) que o que dizem e escrevem tem valor de Lei. O Poder de jure que invocam só será contrariado de facto por quem no puder exercer de viva força. Quando não houver bellatores, os fradinhos podem julgar que mandam, mas bem podem orar ao abade se por cá passarem os bárbaros...
    Quanto ao dinheiro, não me parece que haja falta dele na C.G.D., S.A....
    Cumpts.

     
  • At 10:51 AM, Blogger Paulo Cunha Porto said…

    Pois é, Caro Bic Laranja, bem exemplificativo das prioridades desta gente, que, em matéria de sacrifício, se compraz em impô-lo aos particulares, não construindo um conceito de serviço, com prós e contras, como está na moda dizer-se, na pura perspectiva do conforto pessoal.
    Abraço.

     

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