Retórica Com Punhos de Renda
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No Parlamento setecentista Richard Brinsley Sheridan, tão literato como político, dá a um adversário esta elegante resposta: «O Right Honorable Gentleman é devedor à sua memória dos seus gracejos e é devedor à sua imaginação dos seus factos», maneira refinada de dizer que o adversário não fazia o que pregava, e dizia falsidades, ao mesmo tempo que degradava para o nível da pilhéria o que o Autor quereria que tivesse a força de uma boutade.
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Mas o grande Pitt não lhe ficava atrás. E tomando-o como alvo, numa réplica aqui ilustrada por Gillray, fulminou-o: «O Honorable Gentleman raramente condescende em favorecer-nos com uma amostra dos seus extraordinários poderes de imaginação e fantasia; mas quando o faz - como uma garrafa a que se tira a rolha -, jorra tudo de uma vez, numa explosão de espuma e ar.». Ou seja, acusava-o de absentista, lunático e de vacuidade. Não posso impedir-me de pensar o quanto as imagens usadas pelos políticos se degradaram, da Inglaterra do Século XVIII, para o Portugal de hoje. Estamos reduzidos a Titanics e afundanços, como comprovou o último debate parlamentar entre os Leaders. O que, como escreveram e desenharam outros, exprime bem o destino do País. Mas também a qualidade linguística e cultural daquilo com que temos de viver.
No Parlamento setecentista Richard Brinsley Sheridan, tão literato como político, dá a um adversário esta elegante resposta: «O Right Honorable Gentleman é devedor à sua memória dos seus gracejos e é devedor à sua imaginação dos seus factos», maneira refinada de dizer que o adversário não fazia o que pregava, e dizia falsidades, ao mesmo tempo que degradava para o nível da pilhéria o que o Autor quereria que tivesse a força de uma boutade.
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Mas o grande Pitt não lhe ficava atrás. E tomando-o como alvo, numa réplica aqui ilustrada por Gillray, fulminou-o: «O Honorable Gentleman raramente condescende em favorecer-nos com uma amostra dos seus extraordinários poderes de imaginação e fantasia; mas quando o faz - como uma garrafa a que se tira a rolha -, jorra tudo de uma vez, numa explosão de espuma e ar.». Ou seja, acusava-o de absentista, lunático e de vacuidade. Não posso impedir-me de pensar o quanto as imagens usadas pelos políticos se degradaram, da Inglaterra do Século XVIII, para o Portugal de hoje. Estamos reduzidos a Titanics e afundanços, como comprovou o último debate parlamentar entre os Leaders. O que, como escreveram e desenharam outros, exprime bem o destino do País. Mas também a qualidade linguística e cultural daquilo com que temos de viver.
2 Comments:
At 11:19 PM, Anonymous said…
Pode crer que a isso se deve em grande medida o estado a que chegamos. Cumpts.
At 9:22 AM, Paulo Cunha Porto said…
Creio-o bem, Meu Caro Bic Laranja. A incapacidade de relacioninar e simbolizar presentes na confecção discursiva é índice seguro da insuficiência de mente e de espírito de uma classe política muito barbarizada.
Abraço.
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