Silêncio (des)Armadilhado
Nessa Atenas admirada pelos Democratas que apenas olham para uma pequena parte dela, ter-se-á tentado impressionar os embaixadores do Rei da Pérsia, convidando-os para um banquete em que os maiores sábios da Cidade discorreram sobre tudo, provando ao adversário virtual o quanto seria de temer a inimizade de gente com tantos recursos.
Só Zenão, por igual dado como atulhado de conhecimentos, permaneceu calado. E quando algum dos estrangeiros lhe perguntou o que haveriam de sobre ele contar ao seu Soberano, respondeu:
«Nada, a não ser que encontraste um homem que sabia calar-se». Mas estou certo de que o Meu Caro Amigo Américo de Sousa sublinhará a necessidade da explicação verbal e levantará suspeitas sobre o carácter dissuasor dum tal silêncio, quando infringido...
Sendo que a Luz Acesa também tem o que dizer, a propósito.
5 Comments:
At 12:18 PM, Jansenista said…
Boa ilustração da "santidade cínica" que era tão prezada na antiguidade. Diógenes, julgo, terá respondido ao Imperador, que lhe prometia tudo o que pedisse "então sai da frente, para não me tirares a única coisa que não me podes dar" (a luz solar).
At 4:26 PM, Anonymous said…
"Nessa Atenas admirada pelos Democratas que apenas olham para uma pequena parte dela"
Atenas foi o primeiro esboço, naturalmente cheio de imperfeições, de um modelo a desenvolver. Tal como hoje, aliás.
At 8:15 PM, Paulo Cunha Porto said…
É bem verdade, Caríssimo Jansenista, terá sido a única vez em que Alexandre se viu menos Magno do que os biógrafos e ele próprio, habitualmente, julgavam.
Ah, Caro Miguel, mas eu não falo das «imperfeições» para que os democratas fervorosos costumam remeter - interdição do voto feminino, dureza no estatuto dos estrangeiros, escravatura. Falo, isso sim, da inexistência de continuidade ininterrupta do aristocratismo que dominava as votações, o qual alternava com o populismo dos Tiranos, com a substituição no Poder, pelo massacre da classe dominante anterior e a redistribuição da propriedade, pelo casamento forçado com as viúvas desses. E, bem assim, dentro do próprio sistema democrático, de instituições como o «Voto de Minerva», que faziam sobepor a qualidade à maioria, salvo em casos em que a diferença de votos fosse demasiado grande. Já falei disto neste blogue.
Abraços a Ambos.
At 12:12 AM, Anonymous said…
Como sabe, não acompanhei o blogue desde o seu início. (Existindo várias formas de democracia, a democracia igualitária tal como a concebemos hoje é apenas uma delas. Quem sabe se o futuro não nos remeterá para novas formas de democracia selectiva?) Abraço.
At 8:36 AM, Paulo Cunha Porto said…
Meu Caro Miguel:
Eu queria dar-Lhe o "link" para o "post" em que o assunto foi abordado, mas sinto-me demasiado preguiçoso para o procurar...
De qualquer forma, era a verdadeira subversão do ideal maioritário que era abordada.
Abraço.
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