Não Há Pachorra

A Congressista Republicana Katherine Harris, da Florida, que obteve, contra o Establishment do seu partido, a nomeação para disputar o lugar do Senador Bill Nelson, declarou a um jornal Baptista que «a separação entre Igreja e Estado é uma mentira» e que «Deus e os Founding Fathers não queriam ver um país regido por leis seculares», acrescentando que, se legisladores Cristãos não fossem eleitos, o Poder ficaria incapaz de distinguir o Pecado, como «no aborto e nos casamentos homossexuais». Foi desencadeada uma tempestade, com uma quantidade de gente, chefiada pela sua colega Democrata Debbie Wasserman-Schultz, a acusarem a declarante e as declarações de anti-semítas. Sabendo-se que estou longe de ser tal coisa, porque não propenso a julgamentos que tenham por motivo causa diferente do que a acção dos julgados, tenho de me insurgir contra esta campanha, desde logo porque ilógica. Repare-se que entre tanta religião não-cristã que se poderia sentir marginalizada, houve quem reduzisse esse mundo à de Moisés. Quanto a mim, é desrespeito religioso muito maior do que sublinhar a Fé da candidata como suposta qualidade que a levasse a uma improvável eleição. E note-se que também não concordo com as afirmações dela, no que remetem para uma experiência histórica de terror e puritanismo traduzida na acção dos primeiros colonos norte-americanos. Que, diga-se en passant, eram, na revalorização do Antigo Testamento, inicialmente, filosemitas. Agora ver o anti-semitismo em tudo é ridículo. Até porque o adversário neste despique, o ex-astronauta Nelson, também é Cristão...

Procurar ganhos pela vitimização deve ter, pelo menos, alguma base de facto.