À Lei da Bal(d)a
Triste, mais do que triste, tristíssimo, ver oficiais das Forças Armadas Portuguesas venderem a sua palavra para aumentarem a conta bancária. Quando passei pelo Exército Português já tinha testemunhado momentos infelizes, mas em patentes menos altas e com alvos miserandos, quase sempre relacionados com os fornecimentos alimentares. Que dois oficiais superiores da Armada tenham recomendado aquisição de munições a empresas que os remuneravam é bem pior, na medida em que a adopção de outro critério do que o da adequação pode prejudicar a própria capacidade operacional dos nossos vasos de guerra. Mas a culpa cabe também ao Estado, na medida em que se demitiu do fabrico de munições e optou pela compra a terceiros. São opções que se pagam, se não apenas em custos pecuniários, também pela alienação do escasso prestígio que resta ao meio castrense. Depois de se terem recusado a continuar a lutar numa guerra que os justificava, vêem agora a imagem assimilada à dos políticos e de outros funcionários: na visão popular passam a ser ladrões como os outros.
Uma andorinha não faz a primavera. Mas dois andorinhões noticiados continuadamente pelos Media podem trazer à Instituição Militar grande invernia. É difícil descer mais.
5 Comments:
At 6:24 PM, Paulo Cunha Porto said…
Pois, Caro Espadachim, mas comprar em vez de produzir, tem inconvenientes destes, entre muitos outros.
Ab.
At 12:40 PM, Anonymous said…
O prestígio da instituição militar subiu muito após terem recusado continuar a lutar numa guerra que não se justificava, e a atitude da população para com a tropa, ao longo dos últimos 30 anos, confirma-o.
Agora, naturalmente, o fim do SMO traz-nos um novo paradigma de consequências imprevisíveis.
At 1:53 PM, Paulo Cunha Porto said…
Subiu? Olhe que não é essa a minha percepção. Dantes, os oficiais passeavam-se pela rua, com toda a gente pronta a dar-lhes prioridades não-estatutárias. Hoje quase que se escondem. E a reacção mais comum da população é um "não servem para nada", como oiço a tanto bom lisboeta, dos reformados aos estudantes.
Grato pela intervençãqo.
At 1:54 PM, Paulo Cunha Porto said…
intervenção, digo.
At 3:29 PM, Anonymous said…
A instituição militar, muito festejada pelos políticos de esquerda no 25 de Abril, tem encontrado nesses, particularmente nos que têm tido influência governativa, os seus principais detractores. Eu até creio que, a par do ouro que tem sido vendido para acorrer a apertos, só a venda de quartéis se lhe compara. E vê-se, até, a sem cerimónia com que alguns chefes militares que se lhe têm oposto são despachados. Os políticos vivem muito mal com quem não se baixa ao seu nível.
O lamentável caso agora divulgado, deve, como todos os outros da mesma índole, ser tratado nos tribunais e sem más influências tipo processo Casa Pia.
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