Os Perigos da Abrangência

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Tendo chegado aos meus ouvidos a existência de uma proposta de Manuel Monteiro, no sentido de serem realizados uns «Estados Gerais da Direita», arregimentando o PND, o CDS/PP e independentes, para reconhecer as conexões doutrinais que possam levar a uma apresentação eleitoral unitária, devo alertar para os perigos que um tal entendimento pode acarretar, se realizado sob a égide partidária. Para além das transigências doutrinais que uma tal salada importaria, a vocação eleitoral fatalmente diluiria o esforço num partido e, presumivelmente, no mais forte, como aconteceu com Guterres e o seu PS, após a reunião magna das Esquerdas que precedeu a tomada do poder.
Aconselho vivamente a leitura de «NAÇÕES E NACIONALISMOS», de Ernesto Castro Leal, que historia, informada e exemplarmente, as composições e recomposições grupais da Direita Portuguesa de antes do Estado Novo. A alternativa ao modelo que os Drs. Monteiro e Castro putativamente nos querem impor acha-se lá: um grande movimento apartidário, como foi o da «CRUZADA NACIONAL D. NUNO ÁLVARES PEREIRA» o qual, criado para instituir um símbolo da Portugalidade nas homenagens ao Condestável, viria a pronunciar-se sectorialmente sobre os grandes problemas da Nação, agrupando, ao longo de diversas fases, elementos de pontos tão afastados do espectro ideológico nacional como Pequito Rebelo e... António José de Almeida. Até Salazar lá figurou. Só assim se conseguiria salvaguardar a independência pessoal numa acção comum, no caso a resistência ao jacobinismo. E que o padrão funciona não restam dúvidas: foi o embrião intelectual do 28 de Maio! Não deixem de ler.