A Guerra das Gálias

Só não escarrapacho aqui o velho brocardo «cada país tem o governo que merece» por não desejar ver os meus Queridos Leitores paralisados pela angústia, a deitarem contas à vida, examinando torturadamente a consciência, no propósito de tentarem descobrir o que terão feito para serem brindados com os governantes que nos regem. A máxima tem, no entanto, plena pertinência no que toca aos franceses. Eduardo Dâmaso, no sofrido editorial que hoje publica, no «DN», a propósito desse affaire Clearstream que é o dernier cri da roubalheira, recapitula a notarialmente reconhecida desonestidade, de luvas pouco brancas, que atravessou os dois grandes pólos do internamente alternado centrão governativo da França, expressa nos sucessivos escândalos que atulharam, em todas as acepções, as bolsas dos respectivos políticos.

O Editorialista fala na reacção que se encaminha para a Direita e para a Esquerda desse bloco podre de corrupção, como se fossem fenómenos comparáveis. Não são. Mas, ao mostrar temer essas procuras de saída, está a incorrer na pecha dos votantes que reelegeram Chirac contra Le Pen e, alegremente, proclamavam: «entre o escroque e o facho, voto no escroque».

Não têm do que se queixar. Tiveram o que garantiram querer.