P.P.S.: Enxame de Consciência

Tanta simpatia tem rodeado a retirada do misantropo, que se tem de acrescentar um par de esclarecimentos. As razões para não postar tanto são bem reais. A Todos os que me exortam a continuar, moderando o ritmo, devo opor o receio de adulteração do que até aqui foi construído. Penso continuar na net, mas talvez noutra casa, em que o ritmo de dois-três posts diários não seja estranhado. Se forem ao profile, verão que estou a ensaiar a farpela respectiva. Gostaria que passassem por lá e dessem conta das Vossas opiniões, aqui, que o que está no esboço é apagável.
Sabe-se que o segredo maior para o sucesso de uma escrita é maltratar o Público, um pouco. Portanto, aqui vai: a culpa de o misantropo não subsistir é Vossa. Tendes sido tão admiráveis Leitores, para cúmulo tão amáveis, que recuperei alguma da fé na Humanidade, acho-me em regime de... misantropia mitigada, passe a repetição dos sons iniciais. Numa página diarística, quer a consagração de menor número de impressões, quer a traição ao espírito enformador, prometeriam ser fatais.
Depois de inspiradíssimas revisões de poesias, adaptando-as à amiga exortação ao prolongamento destas escrevinhadelas, o BOS faz um texto extraordinário, em que me lisonjeia para lá do dizível, com a atenção que se dignou prestar a tudo o que por cá foi publicado. Toca numa das feridas maiores, para mim: o facto de o texto que, em tempos, escrevi, sobre D. Miguel Sotto-Mayor não ter obtido eco. Por culpa minha, decerto; mas esse e um outro, sobre o conceito de martírio no Islão, trouxeram-me um certo desgosto por terem despertado reacções nulas. Como surpresa maravilhada me suscitaram algumas reflexões de circunstância, que encheram as caixas de comentários.
Já que estamos a sumariar as "MEMÓRIAS DE UM BLOGGER", gostaria de dizer quais os dois produtos que julgo terem sido mais conseguidos: foram «Nova Batalha de Inglaterra», aquando das bombas de Londres, e «Carta Aberta a um Cidadão-Gay», no momento em que uns quantos activistas se proposeram realizar uma marcha para impingir o orgulho dos ditos.
E quando o Grande Criador da Nova Frente diz que me quero eximir à "gloriosa efeméride" que se avizinha, duplamente significativa - como o FSantos recorda -, julgo que não será tanto isso. A coisa fez o mal todo de que foi capaz e até seria pretexto para uma tarja negra, sob a forma de bem misantrópicos postais, a condizer. Julgo, antes que, no meu subconsciente, terá pesado a incomodidade de publicar críticas duras, moçoilas provocantes e as gracinhas habituais durante a Solenidade da Semana Santa. E creio que Os que me frequentam não estariam interessados em ouvir-me falar de coelhos da Páscoa...
Por fim, constato que o homem percebe melhor a pancada do que o mimo: estou aterrorizado, quase tentado a voltar, pela ameaça formulada pelo Pedro, no Reduto. Onde o admirável suborno do Restaurador não logrou vencer, onde a reconfortante atenção intelectual do BOS só estimulou o orgulho, onde palavras amáveis de Tantos Confrades e Amigos, que sei não serem de mera circunstância, apenas amaciaram a fera, a ameaça do castigo está quase a operar. Brrrrr!
Muito obrigado a Todos.